Dificuldades de curto prazo são evidentes.
O mercado de veículos continuou fraco em outubro e sinaliza dificuldades até o final do ano. Embora as vendas acumuladas nos dez primeiros meses de 2021 tenham crescido 9,5% em relação ao mesmo período de 2020, a projeção da Anfavea indica que este ano se encerrará com algo entre -1% e +3%.
Os estoques continuam bem abaixo da média histórica, apenas 17 dias em outubro. O volume corresponde a menos da metade do que seria considerado normal nessa época, quando a indústria precisa enviar mais carros às concessionárias para compensar as férias coletivas de fim de ano.
A produção acumulada até outubro está 16,7% maior que a dos 10 meses do ano passado e as exportações, mais 26,8%. Para o ano completo, a previsão da entidade é de crescimento entre 6% e 10% do número de veículos produzidos e de 10% a 16% para o total de unidades exportadas.
O fato é que a escassez mundial de semicondutores (também conhecidos como circuitos integrados ou chips), este ano, tem se revelado bem maior do que se estimava no final de 2020, quando as previsões para 2021 foram divulgadas.
A consultoria internacional BCG estima que entre 10 e 12 milhões de unidades em todo o mundo deixarão de ser produzidas este ano.
E a consultoria também não vislumbra boas notícias para 2022, pois espera uma quebra da produção mundial de cinco milhões de veículos e a volta à normalidade apenas em 2023.
Afinal, o cenário econômico brasileiro está assim tão ruim? Na produção de veículos ficamos menos mal que a média no mundo.
No tocante à inflação, Estados Unidos, maior economia do mundo, e Alemanha, a maior da União Europeia terão taxas em 2021 de 6% e 5%, respectivamente. Índices três vezes maiores do que as médias históricas; no Brasil, em torno de 2,5 vezes mais.
Será 2022 muito fraco para a nossa economia? Este ano foi marcado por vários leilões de infraestrutura, incluindo portos, aeroportos, estradas, energia e, semana passada, telefonia celular 5G.
Pode significar investimentos crescentes em vários setores já a partir do ano que vem. Especificamente a indústria automobilística fez novos anúncios ou mesmo confirmações (R$ 10 bilhões, caso da GM no começo de 2021).
Toyota inicia em janeiro próximo o terceiro turno em Sorocaba (SP), Nissan (RJ) e Citroën (RJ) retomam segundo turno, chinesa Great Wall comprou a fábrica de automóveis da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) para começar a produzir no primeiro trimestre de 2023 (investirá ao menos R$ 1,5 bilhão), Stellantis está aplicando R$ 16 bilhões (2019-2025), Renault R$ 1,1 bilhão (2021-2022) e anuncia esta semana novo aporte.
Esses valores não incluem os fabricantes de veículos pesados, que também vão investir.
Semana passada, a Volkswagen confirmou despender de R$ 7 bilhões no quinquênio 2022-2026, na América do Sul. Como a marca tem quatro fábricas aqui, estima-se que mais de 80% desse montante se destinará ao Brasil.
A empresa renovará seu portfólio de produtos de entrada com o Polo Track, em 2023. Para isso implantará em Taubaté (SP) a fabricação de sua arquitetura MQB que originou 45 modelos, entre quatro marcas do grupo, em todo o mundo.
Que tal menos pessimismo?
Fonte: https://www.icarros.com.br/