Em continuidade à guerra comercial travada contra a China, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na sexta-feira 31 que vai banir do país o aplicativo de vídeos TikTok. Sucesso principalmente entre os jovens entre 16 e 24 anos, a ferramenta que faz vídeos curtos e divertidos para serem postados nas redes sociais é avaliada em 75 bilhões de dólares e alcançou mais de 1,5 bilhões de usuários em 2019. Só nos Estados Unidos, passou por mais de 2,7 milhões de downloads.
O argumento do governo americano é que a rede social ameaça a segurança nacional e que sua política de privacidade permite transferir ao governo chinês dados dos cidadãos americanos. O TikTok, por sua vez, resultado da fusão com o aplicativo Musical.ly Inc. feita em 2017 pela empresa chinesa Bytedance, tenta manter uma imagem de independência em relação ao governo de Xi Jinping. Com escritório em Los Angeles, a empresa nomeou em maio como CEO Kevim Mayer, que foi um principais executivos da Wall Disney.
Críticos ao governo americano classificam, no entanto, essas acusações como infundadas por não apresentarem provas e que esse seria mais um capítulo do discurso de Trump contra a China. Em meio à crise sanitária que coloca os Estados Unidos como o país com maior número de contaminados pela Covid-19, Trump acusa os chineses de serem responsáveis pela disseminação do novo coronavírus no planeta e em julho acirrou os ataques ao país ao fechar o consulado da China em Houston, no Texas, alegando roubo de propriedade intelectual.
Medidas como essa só tendem a aumentar nos próximos meses, com a aproximação das eleições presidenciais americanas, em novembro. Especialistas avaliam que elas refletem o desespero do presidente republicano diante do avanço de seu opositor nas pesquisas eleitorais, o democrata Joe Biden, que soma 52% das intenções de voto. A defesa do protecionismo vai ao encontro do slogan de campanha de Trump em 2016, “Make America Great Again”, que agrada o seu eleitor mais conservador. Coincidência ou não, na mesma semana, na quinta-feira 30, ele sugeriu que as eleições americanas sejam adiadas por suspeita de fraude.
Fonte: https://veja.abril.com.br/