Sérgio Mallandro durante participação especial no Globo Esporte, em julho do ano passado
Em seus 36 anos de carreira, Sérgio Mallandro fez de quase tudo um pouco: de programa infantil a reality show. Agora, o apresentador e humorista de 61 anos se divide entre três atividades. Apresenta um espetáculo de stand up, prepara um filme sobre sua trajetória e desenvolve uma nova série de ficção para a Netflix. Seu público atual, diz, são crianças crescidas.
“Estou criando uma série agora para a Netflix. A gente deve começar a gravar depois de julho, com uns 13 ou 15 episódios. O personagem é o Sérgio Mallandro, com as minhas coisas, meus bordões, ‘ié-ié’. É uma história de ficção, mas com meu nome mesmo, com algumas partes do meu cotidiano. Estamos acabando o roteiro agora. É muito interessante. Não pode dar moleza para tristeza, malandragem”, conta.
A nova série, ainda sem previsão de estreia, será o primeiro trabalho televisivo do humorista desde 2015, quando atuou no Ferdinando Show, humorístico do Multishow. No canal pago, ele também teve dois programas próprios: Papo de Mallandro e Vida de Mallandro, ambos em 2012, em que mostrava os bastidores de sua conturbada vida doméstica (o humorista ainda vive com a ex-mulher).
Mallandro classifica seus trabalhos mais recentes na TV como produções feitas para crianças crescidas. “Esse é o meu público. As crianças [que assistiam seus programas infantis] cresceram e viraram universitários, estão formados. Agora é outra pegada”, afirma.
Sérgio Mallandro no estúdio do Show do Mallandro, infantil que apresentou de 1992 a 1993
Sucesso infantil
Sérgio Mallandro foi descoberto e levado à TV por Silvio Santos. Em 1981, ele estreou no SBT no programa Cidade contra Cidade e logo foi contratado como jurado do Show de Calouros (1981-1992). A grande marca do apresentador na emissora, no entanto, foi no infantil Oradukapeta (1987-1990).
Mallandro criou o quadro Porta dos Desesperados, em que as crianças tinham que escolher entre três portas: uma tinha um prêmio; das outras duas saíam atores fantasiados de monstros, que perseguiam os participantes pelo palco. Filosófico, Mallandro acredita que ensinou lições de vida para os pequenos telespectadores.
“Eu mostrava para a criança que durante a vida ela ia perder muitas coisas e ia ganhar muitas coisas. Tinha que saber perder. Se ganhasse o prêmio, também tinha que ficar esperta, porque ia abrir outras portas [ao longo da vida] e poderia sair o monstro. A vida tem altos e baixos, aproveite o momento que você está vivendo. Se está triste, daqui a pouco uma porta se abre e você pode ser feliz”, explica.
O programa fez tanto sucesso que Mallandro começou a ser assediado pela Globo. Ele recebeu propostas para fazer o Cometa Loucura e para ser um dos Trapalhões (ambas rejeitadas), até aceitar ir para a emissora, em 1990.
Dois anos depois, em 20 de abril de 1992, estreou seu primeiro programa infantil na emissora. O Show do Mallandro, que era apresentado nas tardes de sábado, passou a ser exibido de segunda a sexta, antes do Xou da Xuxa (1986-1992), e a ser totalmente dedicado às crianças.
“Era uma alegria, eu me sentia sempre muito protegido ao lado de crianças, tem essa energia boa. Deus te olha com mais carinho, com mais proteção. Ali eram anjinhos, criançadinha pequenininha, de 5 a 9 anos. É muito gratificante trabalhar com crianças. Eu adorava, tenho muita saudade”, confessa.
O humorista Sérgio Mallandro apresenta seu show de stand up comedy, Mallandramente
Novos projetos
Apesar da nostalgia, Mallandro não pensa em voltar a lidar com o público infantil. Após fazer programas de auditório e de pegadinhas na TV Gazeta, no início dos anos 2000, ele investiu e se firmou na carreira de humorista. Com um novo show de stand up comedy, chamado Mallandramente, ele se apresentará no fim do mês em Portugal, nas cidades de Lisboa e Porto.
Quando voltar ao Brasil, o multitarefas Mallandro pretende dividir seu trabalho entre diversas plataformas: teatro, cinema, Netflix e um novo projeto de um programa de TV.
“Não sei se vai ter auditório, mas é um programa que pode se encaixar tanto na TV aberta quanto na TV paga. Vamos ver, tem algumas pesssoas que já se interessaram, vieram conversar comigo. Acho que vai rolar. Eu gosto de apresentar, gosto muito da televisão. O importante é se divertir, fazer o que você gosta”, acredita.
Fonte: http://noticiasdatv.uol.com.br