Os órgãos reguladores dos Estados Unidos assumiram o controle do Silicon Valley Bank (SVB) nesta sexta-feira (10), depois que uma onda de saques e uma queda no preço de suas ações levaram à incerteza sobre o futuro da instituição financeira com foco no setor de tecnologia.
É a segunda maior falência de banco na história dos Estados Unidos, atrás apenas do colapso do Washington Mutual, em 2008.
Sob o impacto da falência do SVB, as principais Bolsas do mundo estão fechando o dia em queda. Nos Estados Unidos, Dow Jones cai 1,07%, S&P 500, 1,65%, e Nasdaq, 1,76%. A Bolsa da Argentina registra, às 18h08, baixa de 4,70%. Na Europa, os índices de Alemanha, Inglaterra e França também recuam.
A queda do Ibovespa também foi acentuada pela crise do banco norte-americano. Às 18h10, o índice registrava 103.618 pontos.
O banco havia desistido de seus esforços para levantar US$ 2,25 bilhões em novos financiamentos para cobrir perdas em sua carteira de títulos no início do dia, e estava procurando um comprador para salvá-lo, segundo pessoas com conhecimento do assunto.
As ações do SVB foram suspensas no início do pregão na Nasdaq, enquanto a administração tentava tranquilizar os investidores.
Os ganhos com a venda de ações teriam ajudado a cobrir os cerca de US$ 1,8 bilhão em perdas que o SVB incorreu com a venda de aproximadamente US$ 21 bilhões em títulos, feita para cobrir clientes que retiraram depósitos do banco.
Ele planejava vender US$ 1,25 bilhão de suas ações ordinárias a investidores e mais US$ 500 milhões em ações preferenciais conversíveis obrigatórias.
O SVB não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Na sexta, a empresa pediu a seus funcionários que trabalhassem de casa, enquanto a equipe de administração do banco, liderada pelo executivo-chefe, Greg Becker, conversou sobre os próximos passos possíveis, segundo duas pessoas familiarizadas com o assunto.
A autoridade americana Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) disse que reteria todos os depósitos do SVB. O regulador historicamente procura fundir credores falidos com uma instituição maior e mais estável. O Washington Mutual, por exemplo, foi vendido ao JPMorgan Chase.
Falências de bancos têm sido extremamente raras nos Estados Unidos nos últimos anos: não houve nenhuma em 2020 e 2021, e a última vez que houve mais de dez foi em 2014.
Os problemas do grupo bancário decorrem de uma decisão tomada no auge do boom tecnológico de estacionar US$ 91 bilhões de seus depósitos em títulos de longo prazo, como títulos hipotecários e do Tesouro dos EUA, que eram considerados seguros, mas agora valem US$ 15 bilhões a menos do que quando o SVB os comprou, depois que o Federal Reserve aumentou agressivamente as taxas de juros.
Na quinta (9), o SVB e seu subscritor Goldman Sachs correram para concluir a oferta de ações. Embora o Goldman tenha garantido interesse suficiente no negócio de títulos conversíveis no meio da tarde, a venda de ações ordinárias estava lutando com a queda das ações do SVB, segundo uma pessoa informada sobre o assunto.
A empresa de private equity General Atlantic se comprometeu a fornecer US$ 500 milhões em ações se a oferta fosse concluída. O Goldman Sachs trabalhou brevemente para reunir um grupo mais amplo de investidores de capital privado, mas o plano não se concretizou porque as ações do SVB caíram muito, segundo fontes informadas.
As ações do banco registraram seu maior declínio na quinta-feira, eliminando US$ 9,6 bilhões da capitalização de mercado do grupo bancário. As ações do SVB caíram mais de 60% nas negociações de pré-mercado na sexta, antes do anúncio da suspensão.
Na manhã de sexta, a venda de ações e títulos conversíveis havia sido adiada, segundo pessoas a par do assunto.
As ramificações dos problemas do SVB poderão ser sentidas amplamente. O credor é o parceiro bancário de metade das empresas americanas de tecnologia e ciências da vida apoiadas por capital de risco, e é uma grande presença na oferta de linhas de crédito para o setor de capital privado de US$ 10 trilhões.
Seus clientes começaram a ficar cada vez mais temerosos com a posição financeira do banco, com algumas start-ups se preocupando o suficiente para sacar seu dinheiro.
Alguns grupos de capital de risco disseram ao Financial Times que estavam preocupados com a queda do valor das ações do SVB e estavam aconselhando algumas de suas empresas de portfólio a considerar retirar uma parte de seus depósitos do credor. No entanto, outros disseram que não estavam dando esse conselho às empresas de seu portfólio.
“Os 40 anos de relações comerciais do SVB apoiando o Vale do Silício evaporaram em 14 horas”, disse um executivo sênior de um fundo multibilionário de capital de risco. Ele disse que sua empresa alertou as start-ups nas quais investe para serem “equilibradas” e não promoverem uma corrida ao SVB na quinta-feira.
O declínio do SVB, desencadeado por temores sobre perdas causadas pelas taxas de juros, provocou contágio entre as ações financeiras de forma mais ampla, chamando a atenção para o efeito potencial que o aumento das taxas de juros poderia ter sobre a receita líquida de juros em outros bancos.
Os quatro maiores bancos americanos –JPMorgan Chase, Citigroup, Wells Fargo e Bank of America– também perderam US$ 52,4 bilhões em valor de mercado nas negociações de quinta-feira.
Alguns credores menores, em particular os da Califórnia, caíram acentuadamente no início das negociações de sexta. O PacWest Bancorp caiu até 25%, enquanto o First Republic, concorrente do SVB, caiu mais de 40% antes de recuperar a maior parte de suas perdas.
Fonte: Folhapress /politicalivre.com.br