Novos formatos de fraude prometem mecanismos que administrem moeda digital e comentem em publicações premiadas nas redes sociais
A cada dia que se passa parece surgir uma nova modalidade de golpe no Brasil. Os criminosos se dedicam a criar estratégias diversificadas para atrair e enganar as pessoas. E não é muito raro, notícias dando conta do número de vítimas lesadas depois de cair em mais uma fraude. A promessa de dinheiro fácil, de recebimento duplicado ou triplicado e de maximização dos ganhos acaba seduzindo as pessoas e abrindo caminhos para que a onda de golpes se espalhe rapidamente.
Entre maio e junho deste ano, a PSafe, empresa de cibersegurança, investigou uma das abordagens criminosas mais recentes envolvendo o Pix. O levantamento divulgado pela instituição mostrou uma falsa rede de perfis com mais de 600 mil seguidores e 365 mil curtidas, que utiliza supostos pagamentos via PIX como isca para obter dados confidenciais de pessoas.
Uma das modalidades do golpe conhecido como “Robô do Pix” é a fraude que funciona como uma espécie de pirâmide financeira. A proposta incentiva as pessoas a fazerem um investimento capaz de multiplicar em dias ou até mesmo horas. Basta o interessado aplicar um valor inicial que, logo em seguida, terá lucros expressivos. Ainda há possibilidade de aumentar os ganhos quando se indica mais pessoas para fazer parte do “negócio”.
“O que parece é que está sendo utilizada a estratégia do esquema Ponzi, da pirâmide financeira. Só que neste caso, a princípio, a pessoa coloca R$ 100 em uma conta e começa a receber vários depósitos deste valor. A principal estratégia dos criminosos é criar uma ilusão de que a pessoa vai entrar no esquema de pirâmide. Porém, o que acontece depois é que ela acaba caindo em um golpe,” explica Marcelo Godke, advogado especialista em Direito Empresarial, Societário e Mercado de Capitais.
O advogado ainda alerta que deve-se tomar muito cuidado com este tipo de fraude porque “se a pessoa entra na expectativa de fazer parte do esquema de pirâmide, isso, por si só, já é crime”. Marcelo também chamou atenção para outras possíveis consequências decorrentes deste golpe. “Quando se faz um Pix, a gente acaba dando acessos a dados sensíveis, como por exemplo CPF, número de telefone, etc. Isso pode ser vendido e utilizado para aplicar golpes em outras pessoas,” ressaltou.
Golpe do investimento em criptomoedas
Em outra modalidade da fraude, a vítima interessada em orientações para administrar e gerir investimentos em criptomoedas paga um determinado valor para “comprar” um robô que a ajudará neste processo. Os falsos anúncios espalhados pela internet garantem lucro até quatro vezes maior do que o aplicado em apenas um mês. Esse valor ainda pode ser multiplicado em até 12 vezes, caso a vítima convide mais pessoas para fazer parte do programa.
A questão é que o investidor não tem acesso a informações que mostrem como o dinheiro está sendo aplicado. Ele aplica o valor na plataforma, mas quando identifica que não consegue movimentá-lo ou até retirá-lo percebe então que foi usado por golpistas.
Golpe dos comentários automáticos
O que não falta é estratégias para persuadir as potenciais vítimas. No golpe do “Robô dos Comentários” aquelas pessoas viciadas em participar de sorteios e promoções nas redes sociais são alvo dos criminosos. A ideia promete aos interessados o aumento das chances de ser premiado. Para isso, a vítima precisa fazer o download de um aplicativo, logar em seu perfil da rede social e comunicar de quais sorteios deseja participar. Em seguida, o robô comentará nas publicações durante todo o dia.
Nesta modalidade, as pessoas detectam a fraude quando se dão conta de que os comentários não estão sendo feitos pelo robô e de que o vendedor da plataforma desapareceu após o cliente pedir explicações.
Como se proteger de golpes nas redes sociais?
Com a expansão dos recursos tecnológicos, os cuidados para não cair em golpes devem ser reforçados diariamente. De acordo com especialistas da PSafe, é primordial desconfiar de qualquer oferta ou promoção online que ofereça uma grande vantagem, principalmente as que solicitam preenchimento de dados pessoais para a obtenção do prêmio.
“Caso a mensagem venha acompanhada de um link, a pessoa pode utilizar o verificador de URLs do dfndr lab para saber se o site é legítimo ou não. Mesmo assim, muitas vezes os criminosos conseguem emular mensagens e endereços da web de modo que pareçam legítimos. Assim, com as diferenças quase imperceptíveis, o risco de cair em um golpe pode não ser eliminado,” destacou a empresa de cibersegurança.
A PSafe ainda acrescenta que é fundamental ter uma solução de segurança instalada no dispositivo, que permite o monitoramento contínuo do aparelho, bloqueio de hackers, e alertas sobre links perigosos recebidos.