A Globo fechou a venda de 17 torres de transmissão em diversas cidades do Brasil para a empresa IHS, sediada na Nigéria. O objetivo da negociação é arrecadar dinheiro para investir em mais produções e reduzir custos de operação. O acordo foi aprovado pelo Cade (Conselho de Administração de Defesa Econômica).
O contrato começa a valer em janeiro. Mas, mesmo após a venda, a emissora seguirá usando os transmissores. Foi assinado um acordo para que os nigerianos cuidem de toda a infraestrutura do parque tecnológico. Os novos donos, porém, também poderão ceder a estrutura para emissoras concorrentes.
Ou seja, a Globo continuará a usar as torres para emitir seu sinal digital de TV aberta, por exemplo, mas com gastos bem menores. A emissora não vai precisar mais desembolsar milhões em manutenção, como acontece hoje.
Junto com a venda das torres, a emissora também se desfez de 16 imóveis onde ficam parte das antenas. Esses foram arrematados pela empresa San Gimignano.
Segundo os documentos do processo no Cade, a Globo vendeu suas torres de transmissão por ver uma oportunidade de enterrar dois problemas de uma vez. O maior deles envolve custos de operação, atualmente a principal causa de atenção na Globo.
Operação da Globo custa caro
Segundo balanço do último trimestre, divulgado pelo colunista Guilherme Ravache, do Notícias da TV, o Grupo Globo gastou 28% a mais em relação ao mesmo período do ano passado com operações técnicas e investimento em tecnologia. Os gastos chegam a ultrapassar a marca de R$ 1 bilhão.
O objetivo da Globo é reduzir em até 25% o que se gasta com essas operações. No Cade, ela confirmou que “é uma oportunidade de desinvestimento de ativos, proporcionando a redução de custos com uma atividade secundária ao negócio principal”.
O valor da venda ficou em sigilo no Cade. Mas fontes no mercado ouvidas pela coluna dizem que uma transação do tipo não sai por menos de R$ 200 milhões. O Cade aprovou o negócio sem restrições por entender que a IHS tem apenas 20% de participação no mercado brasileiro de torres.
É a segunda operação em menos três meses que a Globo faz para arrecadar dinheiro e tentar diminuir suas operações. Em setembro, a empresa vendeu o seu data center após fazer um acordo com o Google que vai colocar todo o seu arquivo no formato de nuvem.
Procurada para comentar a operação institucional, a Globo respondeu após a publicação da reportagem com a seguinte nota:
“Como temos divulgado de forma recorrente, a Globo está em pleno processo de revisão do seu modelo operacional, implementando medidas que visam apoiar a transformação da empresa em sua estratégia D2C. Neste sentido, a empresa vem buscando ampliar a sua eficiência através da captação de novas fontes de receita, da racionalização na gestão de custos e da ampliação da sinergia entre suas operações, gerando valor em tudo o que faz.
Portanto, atribuir a venda das torres de transmissão apenas a corte de custos é uma visão reducionista, que não considera a estratégia de negócios da companhia. Como informado ao Cade, a venda das torres significa uma oportunidade de desinvestimentos de ativos que são parte de uma atividade secundária ao seu negócio principal.
A matéria ainda repercute de forma equivocada os resultados apresentados no terceiro trimestre, que apontam custos operacionais derivados da retomada da programação e investimentos em novas tecnologias na ordem de 14% –e não 28%, como afirma o jornalista. Por último, a Globo tampouco reconhece os valores envolvidos na negociação. Tais informações são meramente especulativas e não refletem a realidade da negociação.”