O bispo Dom José Edson emitiu uma nota de esclarecimento nesta quarta-feira (4) sobre o afastamento conturbado do padre Alessandro Colen de suas funções como pároco da Igreja Catedral Nossa Senhora Auxiliadora, em Eunápolis, extremo sul da Bahia. Na nota, Dom Edson afirma que padre Alessandro “está se fazendo de vítima”.
“O Pe. Alessandro não foi tomado de surpresa, ele não se defendeu pela via legal. Parece-me que o Pe. Alessandro está se fazendo de vítima de um processo em que ele sabe o que fez e só ele pode responder o que fez”, afirma o bispo.
Ainda no documento de esclarecimento, o bispo Edson diz que houve um processo antes de o afastamento se concretizar. “Quero tornar público que o afastamento do padre Alessandro se deu ao fim de um processo administrativo-canônico que deu ao Pe. Alessandro o direito de resposta e ele tem conhecimento de todos os fatos. Ao Pe. Alessandro foi dado o direito de ampla defesa, ele não quis fazer uso desse direito”.
Denúncias
O bispo conta na carta que recebeu a primeira denúncia contra padre Alessandro no ano de 2017, mas que, por falta de provas, preferiu arquivá-la. Ele não revelou o mérito da denúncia. Após o episódio, o padre Alessandro também fez uma denúncia incriminando um colega. “A apuração dos fatos inocentou o demandado e o Pe. Alessandro se viu obrigado a se retratar”, revela.
Dom Edson diz ainda, na nota, que em 2018 uma segunda denúncia foi feita contra o padre. “Essa exigiu uma atenção especial, por se tratar de matéria grave. A partir dela, escolhi pessoas creditadas e isentas para averiguar tudo”, segue a revelação. “Fui cobrado por clérigos e leigos, pedindo uma posição diante de alguns fatos e atitudes que me foram relatados”.
Por fim, em 2019, uma terceira denúncia surgiu contra padre Alessandro, segundo a nota do bispo. “Dessa vez, envolvia terceiros (alheios aos problemas e que foram prejudicados) e acionava autoridades da Igreja, o Arcebispo Primaz do Brasil, Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, e Dom Giovanni d’Aniello, Arcebispo Núncio Apostólico, representante do Papa no Brasil”. Todas as denúncias não tiveram teor revelado pelo líder.
Confiança
Dom José Edson retratou na nota como era sua relação com o padre Alessandro antes do afastamento. “Pe. Alessandro era sacerdote de minha confiança, haja vista que ocupava as seguintes funções: pároco da Catedral Diocesana, membro do Conselho Presbiteral, meu consultor e Coordenador de Pastoral da Diocese. A decisão de afastá-lo de suas funções causou-me enorme desgaste e sofrimento, pois foram três meses de investigação, depoimentos de testemunhas e juntada de provas”.
“A mim coube a tarefa de fazer cumprir tudo quanto apurado e decidido na reunião do Conselho Presbiteral, no dia 03 de março passado, na presença do Pe. Alessandro (ele era o secretário desse Conselho). O mesmo decidiu silenciar-se e, em seguida, ausentar-se da reunião. Depois disso, o que seria um processo reservado, onde ele poderia buscar todos os recursos que lhe cabem, tornou-se matéria pública, incriminando-me e fazendo-me passar por carrasco e injusto”, destacou Dom Edson.
Clero diocesano
O clero diocesano de Eunápolis também emitiu uma nota apoiando a decisão do bispo Dom José Edson de afastar o padre Alessandro Colen da função de pároco. “Queridos irmãos desta Diocese de Eunápolis, sabemos, entendemos e respeitamos todas as demonstrações de afeto dirigidas ao Pe. Alessandro Colen”, inicia a nota assinada por mais de 30 líderes da Igreja Católica em Eunápolis, entre padres e freis.
“Informamos a todos que as decisões canonicamente tomadas não foram de forma aleatória e sem fundamento, tão pouco sem conhecimento de causa”, alerta. “Portanto pedimos que não sejamos tomados por emoções momentâneas sem uso da razão para uma compreensão digna e justa. Assim, após termos acesso às informações e em comunhão presbiteral, nós padres, na união do clero e para o bem da fé, da moral e dos bons costumes, estão em comunhão com a decisão tomada”.
Padre Alessandro
Na terça-feira (3), o padre Alessandro tornou público seu afastamento usando as redes sociais. Ele contou que foi afastado após reunião do conselho presbiteral na última segunda-feira (2), devido a denúncias que ele próprio teria supostamente feito de forma anônima à Nunciatura, acusação que ele nega.
“Tenho minha consciência muito tranquila no que tange a minha idoneidade, honestidade e fidelidade à Igreja, e, sendo assim, se tivesse que denunciar algo, não seria de forma anônima ou usando nome de outrem. Não fui eu o autor da carta de denúncia e muito menos envolvi ninguém nesta estória”, dizia o padre na nota.
Alessandro estava há oito anos à frente da paróquia em Eunápolis. Antes, ele foi pároco da Igreja São João Batista, na cidade de Itagimirim.
A Igreja Nossa Senhora Auxiliadora está sob a responsabilidade de Dom Edson até a nomeação de um novo pároco. O expediente e as atividades já programadas continuam normalmente na calendário paroquial.
Fonte: http://www.atlanticanews.com.br/