Os atores Felipe Cardoso e Heitor Martinez (ao centro) em cena de guerra de O Rico e Lázaro
Em O Rico e Lázaro, novela bíblica que estreia nesta segunda (13) na Record, a fé em Deus que a emissora procura incutir no telespectador por meio dos personagens é tão intensa quando as cenas de confronto e de assassinatos que permeiam a história.
A produção da Casablanca investe fortemente em efeitos especiais, caracterização e treinamento dos atores para que as cenas causem impacto no público _com direito a sangue jorrando em câmera lenta do pescoço cortado dos personagens. Na apresentação que a emissora fez à imprensa, com grande destaque para violência e guerras na Babilônia, os romances parecem coadjuvantes.
A trama de O Rico e Lázaro se passa no ano 600 A.C., na região da Mesopotâmia. Personagem real, o rei Nabucodonosor ostenta todo seu poder com palácios, jardins suspensos e, principalmente, com batalhas épicas e massacrantes.
Para retratar as lutas do soberano na conquista de novos povos e territórios, a Record e a Casablanca têm dado grande atenção aos detalhes. Os efeitos especiais multiplicam os figurantes de dezenas para milhares, e os atores recebem cuidados para que seus ataques e seus ferimentos pareçam extremamente realistas.
O ator Felipe Cardoso em cena de luta com espada – Munik Chatack/RecordTV
Como um bom tirano, Nabucodonosor não economiza nas punições impiedosas e humilhantes aos que descumprem suas ordens e desafiam seu poder. Para perfurar, degolar e matar guerreiros de povos inimigos, o ator Heitor Martinez (Nabucodonosor) teve treinamento com um professor de espada durante um mês.
“Ainda não estou livre das dores [decorrentes das aulas para manusear a arma], é difícil mexer certas partes do corpo. Mas isso até serve para construir meu personagem. São minhas cicatrizes. Todo o elenco fez um mês de preparação para conseguir coreografar as batalhas”, conta Martinez.
As cicatrizes, aliás, recebem muito cuidado. A equipe de efeitos especiais desenvolveu uma coleção só de próteses de machucados, cortes profundos e manchas de sangue para que os atores possam usar nas sequências de guerra.
A Babilônia de O Rico e Lázaro, toda feita com computação gráfica na produtora Casablanca
Ostentação
Cada um dos 150 capítulos que O Rico e Lázaro terá (com possibilidade de extensão, segundo o vice-presidente artístico e de programação da emissora, Marcelo Silva) custará R$ 800 mil. Esse valor engloba a folha salarial de 97 atores e custos de confecção de 8.000 figurinos, de gravação em tecnologia 4K, da equipe de computação gráfica e do desenvolvimento de mais de 40 cenários. Alguns deles contam até com canais fluviais navegáveis.
Segundo a autora, Paula Richard, que assina sua primeira trama na Record, a ideia inicial era de que O Rico e Lázaro fosse apenas uma minissérie, mas o “rico” universo da história bíblica fez com que o projeto crescesse.
“Quando comecei a pesquisar a história do reino da Babilônia, vi que era um universo muito rico. Os profetas, os reis, tudo parecia uma novela já pronta. De 80 capítulos [que seriam da minissérie], transformamos em 150”, conta.
Zac (Igor Rickli) e Asher (Dudu Azevedo), os protagonistas da novela O Rico e Lázaro
Rir da tragédia
O rei Nabucodonosor parece dominar a trama com sua personalidade marcante, mas é apenas um dos 73 personagens _O Rico e Lázaro tem elenco recorde para uma novela da Record. Os verdadeiros protagonistas são Asher (Dudu Azevedo) e Zac (Igor Rickli).
Os dois representam a parábola do Rico, homem que ostentou sua fortuna durante a vida e vai para o inferno ao morrer, e Lázaro, homem pobre que vive humilhado e vai para o paraíso. A trama conta a história pregressa (fictícia, que não está na Bíblia) deles, quando a riqueza e a pobreza ainda não eram tão claras.
Nesse ínterim entre a juventude e o juízo final, Zac e Asher vivem uma série de provações e sofrimentos. A mocinha, Joana (Milena Toscano), fica dividida entre os dois e também lamenta por não saber quem escolher. Lidar com a (excessiva) carga dramática é um desafio para os protagonistas.
“Esse personagem sofre muito, tem uma vida muito difícil. Então eu tenho que estar o tempo inteiro curtido num sofrimento. Preciso entender em que parte da história eu estou e ficar mergulhado na emoção do personagem. Esse é o maior desafio, ficar tanto tempo trafegando na energia, na dor do Asher”, afirma Azevedo.
Para tentar equilibrar a violência e o sofrimento da trama, Paula Richard criou outros personagens que não estão nas histórias bíblicas. Há romances mais leves e toque de humor na corte do rei Nabucodonosor _a personagem de Sthefany Brito, por exemplo, é uma princesa que vive procurando “magias” para ficar cada dia mais bela, e vez ou outra mete os pés pelas mãos.
“É uma trama de amor, amizade, mas tem muita ação e humor também. Não tem um núcleo cômico, mas tentei trazer o humor, tem que rir da tragédia”, diz a autora.
Fonte: http://noticiasdatv.uol.com.br