Com estreia prevista para o próximo dia 14, a novela “Segundo Sol”, da Globo, já causa polêmica. A volta do autor João Emanuel Carneiro ao nordeste, 14 anos depois de “Da Cor do Pecado”, demonstrou interesse pela cultura local. Até aí, tudo certo. O problema começa quando se nota a ausência de atores negros no elenco principal, especialmente porque a produção é rodada na Bahia.
A página Trick Tudo, no Facebook, lançou o movimento “Eu poderia estar na novela ‘O Segundo Sol'”, nomeando mais de 50 atores negros que poderiam estar na trama. “Se você não vê problema na escalação de uma novela que retrata um estado com 80% da população negra e o elenco tem 80% de brancos, o problema é seu: se vire com seu preconceito!”, provoca a página.
“Por se passar aqui na Bahia, deveria ter atores negros. A Globo deu um grande vacilo”, opinou a dona de casa Luciene Dias, 41 anos.
O agente penitenciário Augusto Filho, 40 anos, relativizou: “Acho que a emissora não é preconceituosa, pois existem novelas com gays e lésbicas. Em ‘Mister Brau’, por exemplo, a maioria das pessoas é negra. Mas como a novela é na Bahia, deveria ter mais ‘origem’ para tornar a história mais real”.
Artistas baianos também se posicionaram sobre o assunto. “O povo sabe o que quer ver. A novela está distante de nós, não nos vemos ali. O próprio Bando de Teatro Olodum fez o seriado ‘Ó Paí, Ó’ para a Globo e teve audiência lá em cima. Existem outros atores aqui com muito talento. Estamos fortalecendo a nossa identidade, então o nosso produto deve ser identitário”, defendeu a atriz Cássia Valle.
Em nota, a Comunicação da Globo esclareceu que a trama, também pelo fato de se passar na Bahia, “nos traz muitas oportunidades e, sem dúvida, reflexões sobre diversidade na sociedade, que serão abordadas ao longo da novela, que está estruturada em duas fases”. Segundo a assessoria, a emissora está atenta às críticas. “Ainda temos uma representatividade menor do que gostaríamos e vamos trabalhar para evoluir com essa questão”, conclui.
Fonte: http://atarde.uol.com.br