Terceira colocada nas disputas de 2010 e 2014, ex-senadora critica intolerância política e pede inclusão de ‘vegetarianos’ entre ‘coxinhas’ e ‘mortadelas’
A ex-senadora Marina Silva (Rede), terceira colocada nas eleições presidenciais de 2010 – atrás de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) – e de 2014 – atrás de Dilma e Aécio Neves (PSDB) -. disse que não sabe se será de novo candidata ao Palácio do Planalto em 2018. “Ainda estou no processo de discernimento”, disse, ressaltando que seu “projeto de vida” não é ser presidente do Brasil.
A declaração foi dada durante palestra na Brazil Conference, evento organizado em Cambridge (EUA) pela Universidade de Harvard e pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), que terá também a presença, entre outros, de Dilma do juiz Sergio Moro, do ator Wagner Moura, do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), o bilionário Jorge Paulo Lemann e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Luis Roberto Barroso.
Na palestra, ela defendeu a Operação Lava Jato e lamentou o clima de intolerância política e de falta de diálogo no Brasil. Na avaliação de Marina, a atribuição de rótulos a pessoas que têm posições divergentes é um dos fatores que dificultam o debate público no país. “Por que vou debater com um eco-chato?”, exemplificou, usando um dos rótulos aplicados a ela própria. Quando o moderador se referiu a “coxinhas” e “mortadelas“, ela fez outra auto-referência: “Falta incluir os vegetarianos.”
Marina ressaltou que é favor do financiamento público de campanha, mas criticou o fato de que sua distribuição, conforme prevê relatório de projeto em discussão na Câmara, será feita com base em bancadas definidas em eleições anteriores, nas quais o abuso do poder econômico e a prática de caixa 2 eram comuns. Ela também criticou o valor de R$ 2,5 bilhões proposto para o Fundo Partidário, que, em sua opinião “institucionalizaria” o abuso econômico. “Como os partidos têm o monopólio da política, eles vão virar autarquias, porque serão financiados pelo contribuinte e terão o monopólio da política. Minha proposta é quebrar o monopólio da política, estabelecendo candidaturas independentes.”
A líder da Rede também criticou o projeto de abuso de autoridade, em discussão no Senado, por considerá-lo uma tentativa de inibir o trabalho do Judiciário. Segundo ela, a Lava Jato é uma das coisas mais importantes que aconteceram no Brasil desde a redemocratização e está, na prática, realizando uma reforma política. Marina disse que a Lava Jato deverá fortalecer o respeito às leis e acabar com a expectativa de impunidade, o que tornaria a política “desinteressante” para os que querem fazer negócios escusos. “Vai ficar na política quem quer prestar serviço. Isso já é uma grande reforma política.”
(Com Estadão Conteúdo)
Fonte: http://veja.abril.com.br