Companhias que preveem aumento dos pagamentos devem ter resultados financeiros melhores em 2016 do que em 2015
Das 59 empresas do Ibovespa, 31 devem aumentar remuneração de executivos em 2016 na comparação com 2015(Thinkstock/VEJA)
Mais da metade das maiores empresas na Bovespa estimam aumento na remuneração total de seus diretores em 2016. Uma parcela relevante delas possivelmente apresentará resultado melhor neste ano do que em 2015, apesar do ambiente recessivo.
Levantamento da Reuters com base em dados das próprias companhias mostra que 31 das 59 empresas com ações no Ibovespa, índice que reúne as principais ações brasileiras, projetaram elevação dos pagamentos totais a suas diretorias estatutárias para 1,2 bilhão de reais neste ano. O valor é 33% maior que os cerca 900 milhões de reais em 2015. A conta inclui salários e remuneração variável, como participação nos lucros e opções de ações.
Há uma forte correlação entre o aumento da remuneração e a expectativa de resultados melhores para esse universo de empresas. A maioria delas deve fechar o ano com lucro líquido maior (ou, ao menos, reduzir o prejuízo) do que o visto no ano passado, conforme projeções de analistas.
Com o Brasil caminhando para a maior recessão de sua história no biênio 2015-16, os resultados finais melhores serão consequência principalmente de um forte controle de custos por parte das empresas e de um câmbio mais comportado, que influencia a dívida em moeda estrangeira das empresas.
Além disso, há empresas reavaliando suas políticas de remuneração de executivos, em alguns casos elevando o salário e reduzindo a parcela variável e outros benefícios, afirma a diretora da consultoria KPMG Gisleine Camargo. “Hoje, todos os segmentos em que atuo, seja varejo, prestação de serviços ou equipamentos, todos estão tendo que repensar, utilizar criatividade para chegar a um consenso interessante entre a empresa e o funcionário”, diz.
Segundo a consultora, muitas vezes existe a impressão de que as empresas elevaram a remuneração, mas isso pode decorrer, na verdade, da opção das companhias de pagar mais para um determinado profissional, porém dentro de uma estrutura corporativa mais enxuta, o que representa economia de custos totais.
As dezesseis empresas no Ibovespa que estimam uma remuneração menor devem desembolsar 385 milhões de reais para pagar seus mais altos executivos, queda de 17% em comparação com os quase 464 milhões de reais no último ano. Três empresas com ações no índice – Equatorial Energia, Bradespar e Sabesp – não tinham informações disponíveis sobre a remuneração de suas diretorias prevista para 2016.
O levantamento da Reuters não inclui os bancos com papéis no Ibovespa por causa da natureza específica da atividade financeira: Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander Brasil. Juntos, eles estimam quase 1,1 bilhão de reais em remuneração a seus principais executivos em 2016, acima do 1 bilhão de reais do ano passado.