Artista anunciou, nas redes sociais, gravidez de quase nove semanas. Médicos explicam que, no início da gestação, o que pode ocorrer é o descolamento ovular ou de saco gestacional.
MC Loma anunciou, nas redes sociais, que está grávida de quase nove semanas e disse estar preocupada porque o médico recomendou repouso. A artista de 19 anos afirmou que teve um descolamento de placenta. O g1 ouviu dois médicos ginecologistas, que explicaram que, nessa fase inicial da gestação, o diagnóstico seria de descolamento ovular ou de saco gestacional.
Com o tempo gestacional de aproximadamente nove semanas, não é possível chamar de descolamento de placenta, segundo o ginecologista Olímpio Morais. Ele é diretor do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), que é referência no estado para partos de alta complexidade e atende também emergências.
Olímpio explicou que o descolamento de placenta só ocorre a partir de 22 semanas de gestação. Antes disso, pode ser uma ameaça de abortamento ou apenas “achado”, que é um diagnóstico que pode ser feito devido à evolução dos equipamentos de ultrassom, ainda de acordo com o especialista.
“Se ela tem alguma queixa, alguma cólica, algum sintoma, aí a gente chama de ameaça de abortamento. Se ela não sente nada, é apenas um achado ultrassonográfico, que deve ser observado para ver se não aumenta. O ultrassom hoje é muito detalhista, ele vê porções de sangue que não via. […] Pode ter um achado e a gravidez caminhar normal”, afirmou Morais.
Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e ginecologista do Hospital das Clínicas (HC), Elias Melo também afirmou que descolamento ovular e de placenta são duas coisas diferentes, embora possam parecer semelhantes para leigos.
“[O de placenta] geralmente é uma coisa muito mais grave, a quantidade de sangue é muito maior. É realmente ameaçador à vida da mulher, ela sangra. É um sangramento que fica oculto, ele não extravasa totalmente”, disse.
O avanço da ultrassonografia tem permitido a identificação de pequenos descolamentos entre a placenta e o útero, que não cortam o fornecimento de oxigênio e nutrientes ao bebê, mas podem evoluir para um descolamento maior e, por isso, são motivo de preocupação.
“O descolamento no primeiro trimestre da gestação, que deve ser o caso da MC Loma, é bastante comum. Até um quarto de todas as mulheres que chegam a ter um filho vivo passam por isso”, afirmou Melo.
O médico do HC também explicou que o ultrassom pode “dar a impressão” de haver um descolamento do saco gestacional no primeiro semestre porque a cavidade uterina não está totalmente preenchida devido ao fato de o bebê ainda estar muito pequeno.
“É como se tivesse um descolamento, mas, na verdade, é um déficit de preenchimento da cavidade. […] Essas pessoas que estão assim normalmente não sangram, não sentem dor, e a gente acaba desconfiando que o ultrassom fez um diagnóstico equivocado. O ultrassom não é a última verdade, é o que alguém viu”, disse.
No entanto, caso a mulher apresente sangramento ou dores, como cólica, no primeiro trimestre, associado ao diagnóstico do exame visual, acende-se o alerta. “Nesses casos, a gente pode estar diante de uma ameaça de abortamento de um bebê que, por algum motivo, não está conseguindo se manter sozinho dentro do útero”, explicou Melo.
Possíveis causas
Entre as possíveis causas, segundo Melo, está a deficiência em um hormônio chamado progesterona. “O déficit de progesterona é como se o bebezinho quisesse sair, e, por isso, muitas pessoas acabam recebendo progesterona externa, uma medicação para tentar segurar o bebê, para evitar que ele saia”, afirmou.
Outra possibilidade é um caso de má-formação do feto. “A gravidez é uma interação dinâmica entre sinais maternos e sinais fetais. Se o bebê não manda aqueles sinais bioquímicos de bem-estar, o corpo começa a interpretar que tem alguma coisa errada. A evolução natural fez com que a mulher tivesse esse mecanismo de proteção da nossa espécie”, detalhou o ginecologista.
Ele também apontou que, com nove semanas, ainda não é possível saber se o feto é totalmente normal. “A gente só vai saber com 11, 12 semanas, quando fizer o ultrassom morfológico do primeiro trimestre. Então, é muito precoce, numa idade dessa, dizer que o bebê está bem. Nessa fase, ele é um saquinho, uma coisinha redonda”, disse.
O médico do HC explicou, ainda, que 80% das pacientes que apresentam o descolamento ovular desenvolvem uma gestação saudável. “Desde que a própria paciente seja saudável. Porque, às vezes, a mulher já tem lupus, uma patologia muito grave, ou diabetes descompensada. Isso, às vezes, é reflexo da descompensação materna”, apontou.
De qualquer forma, a recomendação dos especialistas, independentemente do caso, é evitar esforço. “Prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Em uma situação dessas, a gente geralmente acrescenta progesterona ao corpo da mulher e recomenda repouso, mas não quer dizer ficar o tempo todo deitada”, afirmou Melo.
Na noite da quarta-feira (9), Paloma Santos, a MC Loma, anunciou que estava grávida de um “ficante”, mas não revelou o nome do pai da criança. Através de um vídeo postado nas redes sociais, ela disse estar muito feliz, apesar do susto inicial (veja vídeo acima).
A pernambucana explodiu no carnaval de 2018 com a música “Envolvimento”, gravada com as primas gêmeas, Mariely e Mirella Santos. O clipe improvisado teve milhões de visualizações. O trio começou a fazer apresentações, mas Loma, então com 15 anos, ficou proibida de fazer shows por não estar matriculada na escola.
Em 2019, ela retomou a carreira musical, com “Malévola”, e apostou no brega-funk, com “Predadora”, para o carnaval do ano seguinte. As primas, que a acompanharam na carreira, estão animadas para serem tias do bebê, segundo Loma.
Fonte: g1.globo.com/