A Forma Turismo decidiu que, devido à pandemia de covid-19, não embarcará nenhum passageiro em 2020 e, com isso, mais de 90 mil jovens terão suas viagens de formatura e educacionais adiadas para 2021. Porto Seguro (BA) para o terceiro colegial, carro-chefe da operadora, será realizada de 23 a 28 de fevereiro, seguida da temporada do nono ano, que acontecerá entre março e abril. Tudo isso antes do início da temporada regular, que tem início em julho.
Em meio às crises de diferentes características vividas pelo Turismo nos últimos anos (hoje mínimas diante da pandemia), a Forma parecia inabalável a situações externas e batia recordes de vendas a cada temporada. Com um produto sólido e cobiçado por jovens formandos e pouca concorrência no modelo em que atua, a operadora, no entanto, não passa incólume pela crise atual. Afinal, quem consegue imaginar distanciamento social em viagens de adolescentes cheios de motivos para comemorar?
Renato Costa, co-fundador e presidente da Forma Turismo
Resultado: mais de 400 fretamentos aéreos foram postergados e os viajantes terão de esperar o carnaval 2021 passar para vestirem o amarelo característico e embarcar com a empresa, que abriu temporadas extras para realocar a operação.
Este será o primeiro ano sem crescimento da empresa em 23 anos de existência. No entanto, o co-fundador e presidente da Forma Turismo, Renato Costa, está preparando o terreno para o futuro. Confiante no surgimento da vacina até dezembro deste ano, a empresa pisa no acelerador em prioridades como sua digitalização, mas por outro lado pisa no freio em sua internacionalização.
“Esperamos até onde pudemos. Nossa operação é muito grande, a logística é detalhada, são muitos jovens para transportar. Tudo precisa ser feito com três, quatro meses de antecedência pelo menos, e o final de julho era nosso deadline. Certamente tomamos a decisão correta”, afirma Costa. “Muitos pais que cancelariam a viagem reverteram a medida quando passamos todos os embarques de 2020 para o ano que vem. A taxa de cancelamento está aquém do que prevíamos, também porque flexibilizamos as condições de pagamento em mais de 20 parcelas sem juros no boleto, ou entrada de 10% neste ano e o restante a partir de janeiro.”
Sobre a digitalização da Forma Turismo, Renato Costa afirma que esse era um movimento iniciado há dois anos e, agora acelerado pela pandemia, transformará definitivamente a forma de atuação da operadora.
“Antes precisávamos ter lojas espalhadas em todas nossas áreas de atuação, mas agora as compras são feitas pelo app. A Forma Turismo não aceitará mais pagamento em cheque e dinheiro, apenas boleto e cartão de crédito pelo aplicativo. Com isso, algumas lojas físicas perdem a razão de ser, e fechamos pelo menos cinco unidades e reduzimos o tamanho de outras nesses meses de pandemia, principalmente nas cidades de interior”, explica. Com o aplicativo, que segundo ele já responde por 70% das vendas efetuadas, a Forma não exerce o papel de operadora B2C, pois esse é um modelo de atuação que exige o intermédio de vendedores e agentes de viagens. Agora são cerca de 25 lojas físicas, e a tendência é diminuir.
FORMA TURISMO PRÉ-PANDEMIA
Com a venda on-line se consolidando, 2020 trazia altas expectativas para a Forma Turismo. “Com o app eliminamos as barreiras físicas e podemos chegar a todos os municípios do Brasil. Estávamos muito otimistas para 2020 tanto com as viagens de formatura quanto com o Forma Conhecer, que é o braço educacional da empresa e tinha condições de seguir crescendo em ritmo acelerado neste ano”, pondera. “Além disso, estávamos empolgados com os resultados da nossa operação em mercados como Argentina, Paraguai e Chile, mas vamos pausar os negócios em outros países para focar em Brasil e retomar a internacionalização quando o panorama estiver mais favorável.”
A Forma Turismo tem aproximadamente 300 funcionários fixos, quase a totalidade dos quais teve jornada e salários reduzidos durante a pandemia. Monitorias, vendedores e funcionários temporários trabalham com prestação de serviço, facilitando a gestão de crise. De qualquer maneira, o Grupo Forma, que abriu mão da consolidadora e da operadora de luxo antes de baixo de seu guarda-chuva, tem na saúde de sua operação e no desejo de consumo seus maiores trunfos.
“Durante todos esses anos crescemos com operação própria. Essa solidez financeira é algo que nos enche de orgulho e mostra que são mais de 20 anos trilhando o caminho certo. Não fosse essa estrutura robusta, não poderíamos criar as condições que estamos dando aos clientes, e o resultado, com a flexibilização do pagamento, está sendo fantástico”, afirma o empresário, que também reforça o bom relacionamento com parceiros como a Gol, responsável pelos charteres da Forma e resorts como Club Med, Costão do Santinho e Tauá. No Exterior, trabalha com Disney e Dubai.
Fonte:https://www.panrotas.com.br/