Etiene Medeiros foi a primeira brasileira a ganhar uma medalha em um Mundial Júnior, a primeira a ganhar uma medalha em Mundial adulto, a primeira a se tornar campeã (e bicampeã) mundial em piscina curta, a primeira a bater um recorde mundial em piscina curta e, agora, é a primeira mulher brasileira a se sagrar campeã mundial. Nesta quinta-feira (27), ela venceu os 50m costas no Mundial de Budapeste, na Hungria, e fez mais uma vez história.
Ela venceu um duelo particular contra a chinesa Fu Yuanhui, de quem perdeu na final do Mundial de Kazan, em 2015, deu o troco na marrenta rival e ganhou a medalha de ouro nos 50m costas. Completou a prova em 27s14, apenas um centésimo à frente de Fu. A marca é a terceira melhor da história, só atrás dos 27s11 de Fu em Kazan e do recorde mundial, da também chinesa Jing Zhao, 27s09, que dura desde 2009, ainda na época dos trajes tecnológicos.
“Para mim foi uma temporada muito diferente. Eu estava relaxada desde o início do ano, fiquei um pouco mais nervosa do que o normal. Mas foi engraçado porque todas as outras adversárias estavam desejando boa sorte. Todas estavam nadando para tentar bater a chinesa (Fu Yuanhui). Eu estou muito feliz. Por pouco, não é? Foi que nem a semifinal, ela é uma ótima adversária não só dentro da água. Fora da água ela tem um pouco de suingue, de querer te abordar diferente, é tenso. Tem nadadores que têm esse lado para dar uma mexida no outro. Mas para mim, só pego energia boa”, comemorou a brasileira ao sair da piscina, em conversa com o “SporTV”.
Etiene Medeiros exibe o ouro inédito da natação feminina brasileira (Foto: Satiro Sodré/SSPress/CBDA)
A medalha é a quarta do Brasil na natação durante esta edição Mundial de Esportes Aquáticos. Antes dela, o país havia ganhado três medalhas de prata nos quatro primeiros dias de competição na Duna Arena. Primeiro foi o revezamento 4x100m livre masculino, com Gabriel Santos, Cesar Cielo, Marcelo Chierighini e Bruno Fratus. Depois, Nicholas Santos foi prata nos 50m borboleta e, ontem, João Luiz Gomes Jr bateu em segundo nos 50m peito.
Exceto o 4x100m, são três provas do chamado “50m estilo”, que são as provas curtas que não fazem parte do programa olímpico. A Federação Internacional de Natação (Fina) chegou a sugerir ao Comitê Olímpico Internacional (COI) a inclusão delas nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, mas há cerca de dois meses o pleito foi rejeitado – só o 4x100m medley misto foi aprovado.
Isso não diminuiu, porém, o feito dos nadadores brasileiros. Como eles costumam dizer, estão treinando para as provas que são disputadas no Mundial, não na Olimpíada, que só acontecerá daqui a três anos. Além disso, o resultado de todos eles é histórico. Nicholas é o segundo do ranking mundial de todos os tempos, assim como João Luiz.
Para Etiene, a medalha vem em um momento na qual ela decidiu focar as provas de 50 metros, seja no nado costas ou no livre, cuja eliminatória será realizada no sábado pela manhã e a final no domingo à noite. Ela não tem treinado para os 100m costas, que a principal prova olímpica dela. Na Rio-2016, a pernambucana foi oitava colocada nos 50m livre.
Vale ressaltar que este não foi o primeiro ouro do Brasil em Mundiais de Esportes Aquáticos, pois o país tem quatro ouros na maratona aquática feminina, um com Poliana Okimoto (10km em Barcelona-2013) e três com Ana Marcela Cunha (25km em Xangai-2011, Kazan-2015 e Budapeste 2017). Apesar de se tratarem de provas de nado, elas são consideradas modalidade distintas da natação de piscina.
Fonte: olharolimpico.blogosfera.uol.com.br