Um estudo feito por enfermeiras e obstetras brasileiras das universidades Unesp, UFSCAR, IMIP e UFSC, revelou um dado alarmante sobre a mortalidade por coronavírus de gestantes e puerpérias em território brasileiro.
De acordo com a pesquisa, oito em cada dez grávidas e puerpérias que morreram por Covid-19 no mundo são brasileiras. O grupo de pesquisadoras filtrou os dados oficiais do Ministério da Saúde sobre as internações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) causadas pelo vírus.
Melania Amorim é professora, médica obstetra e uma das profissionais que compõem a força tarefa e informou à jornalista Rita Lisaukas que “até o dia 18 de junho tinham sido notificadas 160 mortes maternas em todo o mundo e o Brasil era responsável por 124 delas. São 188 territórios afetados pelo coronavírus e o Brasil tem mais mortes maternas que a soma de todos esses países”
O estudo foi aceito e publicado no último dia 9 de julho, no célebre International Journal of Gynecology and Obstretics. Foram as pesquisadoras que financiaram a pesquisa, mas agora precisam de recursos para dar continuidade. “O que a gente quer é ir atrás desses prontuários médicos, um a um, para poder obter informações mais completas. Até agora o estudo foi financiado por nós, por dedicação à causa”, explica Melania.
Segundo essa pesquisa, a SRAG causada pelo novo coronavírus foi encontrada em 978 mulheres grávidas e puerpérias no Brasil entre os dias 26 de fevereiro e 18 de junho. A análise diz que apenas mulheres que apresentaram sintomas graves foram testadas, tornando o número de infecções desse grupo subnotificado.
Os óbitos que aconteceram no puerpério – até 42 dias depois do nascimento do bebê – têm uma associação com três comorbidades: obesidade, doença cardiovascular e diabetes. Apesar disso, muitas mulheres saudáveis vieram a óbito, segundo Melania. “O pior de tudo é que 28% dessas mulheres que morreram não chegaram sequer a dar entrada em uma UTI, 15% não receberam nenhuma modalidade de assistência ventilatória”.
Das 978 mulheres diagnosticadas com SRAG no período de fevereiro a junho, 680 estavam grávidas e, entre essas, 74 faleceram – representando 9,8% de mortalidade por Covid-19. Do número total, 174 tinham ganhados seus bebês há no máximo 42 dias e 50 dessas mulheres vieram a óbito, o que representa 22,3% de mortalidade. De acordo com Melania, a maioria das vítimas fatais eram ‘não brancas’ (71 mortes, 13,9%), mas por não haver recorte ou informações raciais a respeito dos óbitos, o número pode ser ainda maior.
Fonte: https://www.msn.com/pt-br