Em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, uma aluna deixou a sala antes mesmo de a prova começar. Uma estudante de 18 anos, que pediu anonimato, se assustou com a quantidade de pessoas dentro de uma sala que estava sem ventilação.
“Eram cinco fileiras na sala, por volta de 40 pessoas. As janelas estavam abertas, mas a cortina era de um material espesso e não passava ar. Estava abafado”, relata a jovem, que faria a prova na escola Darwin, em São Bernardo.
A estudante pretende cursar medicina e fez outros vestibulares. Segundo ela, os cuidados com a segurança sanitária variaram, principalmente se comparados com a prova da Fuvest, para entrar na USP (Universidade de São Paulo).
“Não tomaram cuidado nenhum. Nos demais vestibulares, os estudantes têm seus nomes nas carteiras exatas. No Enem, não havia isso. Podia sentar em qualquer lugar.”
A garota decidiu deixar a prova e o fiscal ofereceu que ela fosse à coordenação para tentar solucionar o desconforto. Mas o mesmo aconteceu na hora de deixar o prédio. “Faltavam cinco minutos, não dava para fazer nada. Eles não ofereceram alternativa”, diz.
Janelas fechadas
A estudante Maria Paiva, 22, disse que não encontrou problemas nas regras de segurança e que a sala onde realizou a prova tinha apenas seis pessoas.
“Estava tranquilo, todos seguiram as regras. Todos distanciados. Quem tirou a máscara foi só para beber água e logo em seguida colocou novamente. O ambiente estava bem ventilado, com as janelas abertas, sem ar-condicionado ligado”, disse a jovem.
Apesar disso, outros dois estudantes relataram ao UOL que nos locais de aplicação de prova no Rio, o ar estava ligado e as janelas fechadas, como a estudante Maria Cristina, 19.
“Todas as pessoas respeitaram o distanciamento, mas os fiscais perguntaram se queriam que mantivesse o ar ligado ou desligasse, e o pessoal pediu pra deixar ligado, então a janela ficou fechada”, disse um aluno de 18 anos que pediu para não ser identificado.
O mesmo contou Luana Ribeiro, 18: “As pessoas ficaram distanciadas, era uma carteira sim e outra não, todos de máscara, mas o ar-condicionado ficou ligado o tempo todo”.
O mesmo relato foi dado pela estudante Marina Diniz, 18.
“Na minha sala não teve tanto distanciamento entre os alunos, algumas pessoas ficaram com menos de 1,5 metro de distância. Quando eu cheguei pra fazer a prova, a sala estava com o ar ligado e as janelas abertas. No começo, achei ótimo porque está muito quente, mas confesso que fiquei bem agoniada com tudo fechado”.
A estudante Andressa Chagas, 20, reclamou por terem ligado o ar-condicionado durante a prova. A jovem disse que não se sentiu confortável com a situação.
“No início estava bem ventilado, mas no meio da prova uma fiscal perguntou se queriam ligar o ar e todos aceitaram. Eu fiquei um pouco agoniada com aquele ambiente fechado. Mesmo que só tivessem umas 15 pessoas, da aquela insegurança de ter um ambiente fechado principalmente nesse momento.”
Menos gente na prova
As regras foram seguidas à risca na Unip, universidade na zona oeste. Larissa Evelin, 17, descreveu os aplicadores com grande preocupação quanto a higienização das pessoas.
“Foram bem cuidadosos, explicaram tudo com calma, perguntando se estávamos confortáveis. Me senti bem segura, pensei que seria o contrário”, diz.
Apesar da segurança, ela identificou uma alta desistência em sua sala por conta da pandemia do novo coronavírus. “Pelo menos 50% [dos estudantes] não vieram para a prova”, conta.
Além dela, o estudante Celso Oliveira elogiou as medidas tomadas pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pelo exame. “A sala estava bem limpa, deram álcool em gel para todos”, lista.
Larissa, que é estudante de escola pública, destacou no Enem de 2020 uma série de questões envolvendo feminismo e violência contra a mulher. “Gostei disso”.
Poliana Ferreira, 29, formada em informática e com a ideia de cursar educação física para mudar de profissão, descreveu que o ambiente estava totalmente seguro. “As janelas estavam abertas, nos deram álcool em gel na entrada e a cada vez que voltávamos do banheiro”, cita. Sua sala tinha cerca de 30 alunos.
Ela ressaltou a existência de questões sobre feminismo e racismo na edição de 2020. “Foi uma prova politizada nesse sentido”.
Já Vitor se impressionou com questões na sequência sobre o futebol feminino. “Teve questão do jogo Fifa com futebol feminino, eram cerca de três sobre o assunto em língua portuguesa”, lembrou, logo antes de elogiar o tema da redação, focada em saúde mental. “Gostei do tema, não é abordado normalmente em outras provas e na sociedade num geral”.
Fonte: https://educacao.uol.com.br/