“São gladiadores do terceiro milênio!”
Dizia aos gritos um famoso narrador brasileiro ao definir aqueles que, nos idos de julho de 2012, protagonizavam a ‘febre esportiva’ do momento no país: o MMA. Como uma espécie de vírus que se espalhava pelo ar, as Artes Marciais Mistas (em português) ganhava corpo e, em paralelo, impulsionava o sucesso do UFC (Ultimate Fighting Championship), principal torneio de vale tudo do mundo, no Brasil.
Era comum nos finais de semana o registro de bares lotados. O ‘agente infeccioso’ atacava sem distinção: homens, mulheres, crianças, todos ficavam vidrados a cada embate exibido na tevê. Não era por menos. Afinal, Brasil e Estados Unidos disputavam, cinturão a cinturão, o domínio no torneio. Do lado verde amarelo, quatro conquistas: o manauara José Aldo, o potiguar Renan Barão (interino), o paulista Anderson Silva e o catarinense Júnior Cigano. Já os ‘gringos’, ostentavam com Ben Henderson, Carlos Condit (interino) e Jon Jones.
O tempo passou… a idolatria, o fanatismo e os títulos também (em maio de 2014, o Brasil viu três de seus campeões caírem . Atualmente, apenas José Aldo (peso pena) e a baiana de Pojuca, Amanda Nunes (peso galo) orgulham à nação verde amarela.
Na noite deste sábado (13/5), porém, a Era de Ouro do Brasil no UFC pode começar sua retomada. Afinal, o catarinense/baiano, Junior ‘Cigano’ dos Santos, sobe ao octógono na edição 211 do torneio, em Dallas, nos Estados Unidos. Pouco mais de cinco anos após faturar o cinturão dos pesos pesados (principal categoria do campeonato) ao vencer Cain Velazques, em novembro de 2011 -, Cigano volta a ter uma nova chance.
Desta vez, ele irá desafiar o americano Stipe Miocic – que já foi batido pelo próprio brasileiro num duelo, por pontos, em 2014. Por telefone, o lutador conversou com a reportagem do Aratu Online e se mostrou bastante confiante para o duelo.
“Sou o peso pesado mais rápido do mundo neste momento. Vai ser uma grande trocação. E eu vou finalizá-lo antes do fim do segundo round. Ele vai dar o seu melhor na defesa do cinturão e vou dar o meu melhor para tomar o cinturão dele. No dia 13 de maio, Junior dos Santos vai se tornar o campeão mundial de novo”, disse o catarinense de 33 anos.
Apesar de não lutar desde abril de 2016, quando bateu Ben Rothwell por pontos, em Zagreb, (Croácia), Cigano aposta em seu principal trunfo: o boxe. “As mãos aqui estão pesadas”, garante. Morando em solo americano desde 2015, ele está acompanhado no seu camp (treinos) pelo seu tutor no esporte, o treinador Luiz Dórea. Ex-campeão mundial júnior de boxe e referência mundial na nobre arte, Dórea aposta no pupilo.
Além disso, acredita que, apesar do fim da soberania verde amarela no torneio, a fidelidade dos fãs brasileiros ainda está mantida. “Vamos recuperar esses cinturões e a ‘febre’ vai voltar novamente. Cigano vai recuperar o cinturão dos pesos pesados… além disso, tem a Jéssica Andrade (peso palha), que pode ser campeã no mesmo evento. Mas temos muitos ídolos, o Brasil é o coração do MMA. O esporte nasceu aqui com a família Grayce . Isso é só um começo, é um esporte muito novo… vamos formar ainda muitos campeões”, opina.
Reforço
Durante a preparação para o UFC 211, a família Dos Santos ganhou um ‘gás extra’. No início de março deste ano nasceu Bento, filho de Junior Cigano com Isadora Santos. Apesar de o nascimento ter acontecido durante a preparação para o evento deste sábado, o brasileiro afirma que não teve dificuldades.
Ao contrário, foi a melhor coisa de sua vida. “Conseguimos adaptar os treinos de um jeito legal. Ganhei uma motivação, uma alegria na na minha vida, e isso refletiu nos treinos”, ressaltou. Por fim , concluiu: “Este ano de 2017 será o meu! Teve o nascimento de meu filho e agora para que a felicidade seja completa resta recuperar o cinturão dos pesos pesados neste sábado”.
Hegemonia brasileira de volta?
Além de Junior Cigano, dois outros brasileiros entram em ação no UFC 211. A paranaense Jéssica Andrade (Bate-Estaca) tem uma missão bastante complicada para faturar o cinturão do peso palha feminino. Ela irá enfrentar a campeã mais dominante do torneio: Joanna Jedrzejczyk. Ela está invicta até agora: são 13 lutas e 13 vitórias, além de quatro defesas de título.
Mas tal cenário não é visto como impossível para Bate-Estaca, que, espera não só faturar o cinturão, mas, também, um dos bônus de performance da noite para poder continuar apoiando a família e sua equipe de treino.
“Sendo a campeã, vou conseguir trazer minha mãe para morar comigo, comprar uma casa para ela, ajudar a galera da equipe, então acho que respinga em todo mundo. Todas as pessoas me ajudam, me apoiam e por que não eu ser a campeã e fazer o mesmo por eles?”, disse ao Canal Combate.
Por fim, Demian Maia pode carimbar de vez seu passaporte para disputar o título dos meio-médios. Com cinco vitória consecutivas no UFC, o paulista ocupa a terceira posição no ranking de sua categoria no UFC. Neste sábado, ele enfrenta Jorge Masvidal.
Demian Maia fez sua primeira luta como profissional de MMA em 2001. Desde então, foram 30 duelos, com 24 vitórias e seis derrotas. A última, porém, aconteceu há mais de três anos, diante de Rory MacDonald, no UFC 170.
UFC 211
Neste sábado, a partir das 18h45
American Airlines Center, em Dallas
Card principal
Stipe Miocic x Junior Cigano – pelo cinturão peso pesado
Joanna Jedrzejczyk x Jessica Bate-Estaca – pelo cinturão peso palha
Demian Maia x Jorge Masvidal
Frankie Edgar x Yair Rodriguez
Henry Cejudo x Sergio Pettis
Card preliminar
Eddie Alvarez x Dustin Poirier
Chas Skelly x Jason Knight
Krystof Jotko x David Branch
Marco Polo Reyes x James Vick
Jessica Aguilar x Cortney Casey
Jared Gordon x Michael Quinones
Chase Sherman x Dmitry Poberezhets
Gabriel Benitez x Enrique Barzola
Fonte: aratuonline.com.br