Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians
Há um diagnóstico interno em comum do Corinthians e que ajuda a explicar os insucessos na temporada 2016. Na reformulação do elenco campeão brasileiro e principalmente após a saída de Tite e seus auxiliares, há lacunas nos aspectos unidade e lideranças do atual grupo de atletas.
À reportagem, um jogador já com relativa rodagem manifestou que o elenco corintiano de 2016 é o mais desunido em que trabalhou. Esse sentimento foi corroborado também por um funcionário e outro membro da comissão técnica, que vê atletas mais preocupados em objetivos individuais que com o aspecto coletivo. Na avaliação dessas pessoas, a mobilização do grupo diminuiu nos últimos meses em função desse comportamento.
Uma das principais causas é não apenas a saída de Tite, que tinha forte ascensão sobre os atletas, mas principalmente do preparador físico Fábio Mahseredjian. A avaliação é de que o grande líder do Corinthians nos últimos anos era Fábio, levado pelo treinador para atuar na seleção brasileira em tempo integral. Essa baixa, inesperada para a direção do clube, causou abalo importante no dia a dia do CT Joaquim Grava.
Mahseredjian, além do ex-fisioterapeuta Bruno Mazziotti, atualmente na China, tinha capacidade elogiada no sentido de motivação dos atletas, na cobrança por um comportamento profissional e em fazer os jogadores ‘comprarem a ideia’ da comissão técnica. Profundo conhecedor do Corinthians, o preparador físico também era homem de confiança do presidente Roberto de Andrade, que o tinha como um homem de confiança no futebol. A saída para a seleção foi pedida diretamente por Fábio a Roberto.
O diagnóstico atual é de que até mesmo o aspecto disciplinar do grupo caiu nos últimos meses. Jogadores como Rodriguinho e Giovanni Augusto são criticados pelo comportamento fora de campo. Os volantes Cristian e Willians (esse afastado do grupo há duas semanas e já liberado por fim de empréstimo) são citados como exemplos de jogadores com atitudes excessivamente individualistas.
Nos primeiros dias de Corinthians, o treinador Oswaldo de Oliveira deu sinais de que havia identificado alguns desses problemas. Ele mudou a rotina do elenco em concentrações e sobretudo horários de treinamentos, que preferencialmente passaram a ser realizados pela manhã.
Outro aspecto extracampo apontado para a temporada ruim é o afastamento paulatino entre diretoria e elenco. Em outros momentos, avaliam jogadores e funcionários, a presença do comando foi mais próxima do grupo de atletas. O episódio do atraso de salários, em que o lateral Fagner foi em busca de explicações do gerente de futebol Alessandro, é um exemplo.
No planejamento para 2017, o Corinthians busca exatamente jogadores experientes, que possam agregar maior poder de decisão em campo e alterar o panorama atual do vestiário. O centroavante Jô, visto como um atleta renovado após longo histórico extracampo, já foi integrado ao grupo para a temporada que vem e trabalhou por mais de um mês na reta final de 2016.
A reportagem tentou falar com o gerente de futebol Alessandro e com o diretor de futebol Flávio Adauto, mas as ligações não foram atendidas.
Fonte: http://esporte.uol.com.br/