Novo estudo da Universidade de Oxford concluiu que risco para grávidas, puérperas e recém-nascidos na pandemia é maior do que se acreditava
Um novo estudo publicado nesta sexta-feira (23) concluiu que o risco para mães e recém-nascidos durante a pandemia é maior do que se acreditava inicialmente, incluindo o fato que as gestantes infectadas tem 22 vezes mais risco de morrerem que outras grávidas. Por isso, as medidas prioritárias de saúde deveriam inclui-las. A conclusão é dos pesquisadores da Universidade de Oxford, que relataram as descobertas na revista Jama Pediatrics.
Segundo Aris Papageorghiou, professor de Medicina Fetal da Universidade de Oxford, que co-liderou o estudo, mulheres com Covid-19 durante a gravidez foram 50% mais propensas a ter complicações (como parto prematuro, pré-eclâmpsia, admissão de cuidados intensivos e morte) em comparação com mulheres grávidas não afetadas pela doença. “O risco de morrer durante a gravidez e no período pós-natal foi até 22 vezes maior em mulheres com Covid-19 do que em mulheres grávidas não infectadas”, disse ao site da universidade. O estudo cita que isso ocorre, sobretudo, em regiões onde os recursos estão menos disponíveis, como práticas de terapia intensiva.
“Os recém-nascidos de mulheres infectadas também apresentavam risco quase três vezes maior de complicações médicas graves, como internação em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal – principalmente devido ao parto prematuro. A boa notícia, entretanto, é que os riscos em mulheres infectadas sem sintomas e mulheres não infectadas eram semelhantes”, completou.
O estudo também apontou que 10% dos recém-nascidos de mães com teste positivo também testaram positivo. Para José Villar, professor de Medicina Perinatal da Universidade de Oxford, que co-liderou o estudo, “é importante notar que a amamentação não parece estar relacionada a este aumento. O parto por cesariana, no entanto, pode estar associado”, disse ao site da universidade.
O estudo reúne dados de mais de 100 pesquisadores que cuidaram de 2.100 mulheres grávidas de 43 maternidades em 18 países de baixa, média e alta renda. Cada mulher afetada por Covid-19 foi comparada a duas mulheres grávidas não infectadas que deram à luz ao mesmo tempo no mesmo hospital.
Brasil
Algumas cidades já estão vacinando grávidas contra a Covid-19. As prefeituras do Rio de Janeiro e de Campo Grande incluíram o grupo como prioritário.
Apesar de ambos os imunizantes adotados no Brasil, Coronavac e AstraZeneca, não terem sido testados em gestantes, a recomendação de vacinação desse grupo partiu do próprio Ministério da Saúde, em portaria publicada na semana passada.
O secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Raphael Câmara, chegou a afirmar que as variantes do coronavírus no Brasil têm se mostrado mais agressivas em grávidas e que a pasta recomenda postergar a gravidez nesse período crítico da pandemia.
Fonte: https://www.otempo.com.br/