‘Sofrimento’ que atinge quase 3% da população brasileira, a hiperidrose, condição médica na qual o paciente sofre com o suor excessivo isolado em algumas partes do corpo até mesmo em locais com temperaturas baixas, pode ser tratada de maneira definitiva através de uma cirurgia que é aceita pela maioria dos planos de saúde do Brasil.
O procedimento denominado simpatectomia torácica endoscópica, possui eficácia em mais de 95% dos casos. A cirurgia de médio porte é feita sob anestesia geral e consiste no isolamento de partes específicas do nervo simpático. O efeito é imediato e já pode ser observado no momento em que o paciente desperta da anestesia.
Na Bahia, a cirurgia é realizada na Clínica de Tratamento do Suor (CTS), inaugurada em fevereiro de 2019, em Salvador. O cirurgião torácico Dr. Marcelo Pato Vieira de Campos, um dos médicos da clínica e com larga experiência no tratamento da hiperidrose explicou a simpatectomia torácica endoscópica.
“Ela é classificada como uma cirurgia de médio porte pela localização dela e por utilizar anestesia geral. É uma cirurgia rápida, dura em torno de 20/30 minutos. Isso tudo hoje em dia é muito seguro. São feitos dois cortes na axila em cada lado, por um corte passa uma câmera de vidro, por outro um bisturi elétrico. A câmera identifica o nervo, e a gente vai lá e corta na posição certa. Hoje, inclusive, já temos também um aparelho que possibilita que a gente faça a cirurgia com um corte só em cada lado, passando a câmera e o bisturi pelo mesmo corte. Isso diminui a dor pós operatória do paciente”, detalhou.
A condição, que atinge entre 1% e 3% da população brasileira, costuma causar alguns transtornos sociais, e as pessoas, por constrangimento ou desconhecimento, procuram formas alternativas de minimizar os sintomas.
“O principal transtorno que vem junto com a hiperidrose é a questão social. A dificuldade no trabalho, família, na rua. Tanto homens quanto mulheres sofrem com a dificuldade em manter relacionamentos amorosos, por conta do suor em excesso, com a vergonha, o medo de se aproximar das pessoas por achar que vai ser vista como alguém sujo. Esse é o estigma social da hiperidrose”, disse o Dr Marcelo Pato.
Segundo o cirurgião, o procedimento não apresenta grandes riscos a saúde dos pacientes que a escolhem para se curar da hiperidrose. “Toda cirurgia tem risco. Essa cirurgia tem uma coisa chamada pneumotórax, que pode acontecer em 5% dos pacientes, mas é uma complicação muito tranquila de ser resolvida e normalmente ainda assim, no dia seguinte o paciente tem alta. Alguns outros pacientes podem ficar um dia mais caso tenha essa complicação. Ou seja, não são riscos grandes em relação a outras cirurgias”, explicou.
O procedimento só não é indicado para pacientes que tenham cardiopatia ou algum problema de coração, rim e fígado que não sejam controlados. Já em pacientes obesos,é necessária uma análise para identificar se o paciente está suando por ter hiperidrose ou devido a sua massa corpórea maior. Neste caso, a recomendação é perder peso para avaliar a questão do suor e se necessário for, fazer a cirurgia em um segundo momento.
Existem tratamentos temporários, como a aplicação de botox. No entanto, o procedimento não é uma solução definitiva e possui duração de curto prazo.
“Botox também é uma excelente arma para o tratamento do suor. A grande diferença para a cirurgia é a forma de tratamento. O botox é com aplicação local, é menos invasiva no primeiro momento, mas é transitório, não tem efetividade a longo prazo. Além do mais, requer que a pessoa faça aplicações periodicamente, normalmente em um período de seis meses. É um procedimento particular, convênio não cobre e isso é pesado para muita gente”, comentou o cirurgião.
Fonte: http://atarde.uol.com.br/