Atualmente, cerca de metade dos carros zero-quilômetro vendidos no Brasil é equipada com algum tipo de câmbio automático.
Especialmente nas vias congestionadas das grandes cidades, essa tecnologia é uma verdadeira ‘mão na roda’, proporcionando mais conforto ao motorista.
Também é verdade que a transmissão automática costuma dar menos despesa com manutenção. No entanto, quando acontece algum problema, geralmente o gasto necessário para o reparo é consideravelmente maior na comparação com carros manuais.
UOL Carros consultou especialistas para contar os erros mais comuns que aceleram o desgaste e podem até danificar o câmbio sem pedal de embreagem.
1 – Engatar a ré com o carro ainda em movimento
Essa é uma prática tão comum quanto prejudicial. Ao manobrar o veículo apressadamente, é comum engatar a ré com o carro ainda se movimentando para a frente.
Edson Orikassa, vice-presidente da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva), alerta que o tranco decorrente desse hábito vai causando danos ao sistema de transmissão, podendo causar, com o passar do tempo, falha grave e cara para corrigir.
Selecionar a posição “P” como o automóvel rodando é outro hábito a ser evitado.
Nesse caso, não há sobrecarga do câmbio e sim da trava que protege a transmissão de danos causados por eventual movimentação enquanto o carro estiver estacionado.
Se essa trava for continuamente forçada, poderá se romper. “Certifique-se de que o automóvel esteja totalmente parado antes de colocá-lo na posição “R” ou “P”, recomenda o engenheiro.
2 – Fazer o motor ‘pegar no tranco’
De acordo com Erwin Franieck, mentor de tecnologia e inovação em engenharia avançada da SAE Brasil, é possível usar o método em carros com transmissão automática para fazer o motor ligar. No entanto, a prática deve ser evitada por causa dos riscos envolvidos.
“O mais importante é nunca colocar o câmbio na posição “P” com o veículo andando, o que travaria imediatamente as rodas. Nessa situação, podem ocorrer danos”, alerta o especialista.
Franieck explica que, ao selecionar “P”, é acionado um pino que trava o eixo que conecta o câmbio ao motor, que pode quebrar, além de outros componentes como o sincronizador.
Para “pegar no tranco”, ele orienta a posicionar o seletor em “N” e colocar em “D” ou “2” quando o veículo atingir uma velocidade de aproximadamente 20 km/h. Com isso, o motor deve ligar.
Ao mesmo tempo, esse “tranco” força componentes e, se for realizado de forma contínua, as chances de dor de cabeça aumentam e muito.
“Se a bateria ficar descarregada, o recomendado é fazer a ‘chupeta’ ou recarregá-la usando aparelho específico para este fim. Se a bateria já não retiver a carga, aí é necessário trocá-la por uma nova”, ensina Orissaka.
3 – Exceder a carga útil
O câmbio automático tem se tornado cada vez mais popular no Brasil e isso inclui as picapes.
Rodar com carga acima da especificada no manual do proprietário é um costume relativamente comum, porém bastante nocivo.
Levar peso demasiado compromete a segurança, ampliando o espaço necessário para a frenagem, trazendo risco até de tombamento, no caso de carga muito alta.
O mau hábito também submete uma série de componentes a um esforço acima da sua especificação, reduzindo sua vida útil.
Isso vale para itens como suspensão, motor e, claro, transmissão.
4 – Dirigir na banguela
Um hábito prejudicial é andar na “banguela” com a expectativa de poupar combustível. A prática não faz o carro beber menos e ainda compromete a segurança, bem como traz risco de danos à transmissão.
“Colocar o câmbio em neutro na verdade faz o carro gastar mais combustível do que se estivesse engrenado. O sistema de injeção é calibrado na fábrica para entrar em modo de baixo consumo assim que você tira o pé do acelerador, com a transmissão em “D”. Isso faz com que o motor receba apenas a quantidade necessária de combustível para mantê-lo girando”, explica Orikassa.
Especialmente em uma descida de serra, colocar o câmbio em “N” ainda traz risco de acidentes. “Com as rodas de tração livres, você acaba sobrecarregando os freios, que podem superaquecer, perdendo a eficiência”, esclarece o especialista.
Camilo Adas, presidente do conselho executivo da SAE Brasil, complementa: “Deixar o carro rodar em neutro e voltar para a posição “D” com o veículo ainda em movimento pode até danificar uma ou mais engrenagens do câmbio”, alerta o engenheiro.
5 – Descuidar da manutenção
Muitos acreditam que o câmbio automático não requer manutenção regular e essa crença pode gerar prejuízos pesados se a transmissão quebrar. Especialmente na configuração dotada de conversor de torque e engrenagens, o câmbio, da mesma forma que outros componentes mecânicos, requer lubrificação.
As especificações e os prazos para troca do fluido são indicados no manual do veículo e devem ser respeitados. A troca do óleo, inclusive, pode ser antecipada dependendo das condições de uso do automóvel.
Vale destacar que alguns modelos não trazem a recomendação de troca de óleo, que supostamente dura por toda a vida útil do veículo.
No entanto, isso não significa que a transmissão automática está livre de problemas de lubrificação.
“Pode acontecer algum vazamento, o que reduz o nível do lubrificante, elevando o atrito entre partes internas e elevando a temperatura, que é uma grande vilã quando se trata de carros automáticos”, alerta Edson Orikassa.
O especialista da AEA destaca que, além da redução no nível, o óleo pode receber algum tipo de contaminação por agentes externos, o que reduz a sua eficiência.
“Vale verificar o óleo durante as revisões. Se apresentar uma aparência escurecida, isso pode sinalizar que já não apresenta as características necessárias de lubrificação.
Problemas com o óleo apresentam sintomas comuns, como trancos na troca de marchas. A transmissão também pode “patinar”, ou seja, ao acelerar o carro demora alguns instantes para tracionar as rodas.
Motor ‘fervendo’ pode estragar câmbio automático:
Fonte: https://www.uol.com.br/