Em reunião com Bolsonaro, representante do setor informou que não tem estimativa de quando o preço do alimento vai voltar ao normal
O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Sanzovo Neto, disse que a entidade vai orientar a população para que substitua o consumo de arroz por macarrão. Ele também não soube estimar prazo para quando o preço de venda do produto nas gôndolas vai voltar “ao normal”, uma vez que depende de uma série de ações, inclusive do governo federal.
“Do nosso lado, vamos continuar fazendo a nossa parte: sempre defendendo os consumidores, já que dependemos do preço barato para continuar vendendo e atraindo clientes. Negociar forte com os fornecedores e fazer uma ação para promover o consumo de massa, de macarrão, que é o substituto para o arroz. E vamos orientar a população para que não estoque. Quanto mais estocar, mas difícil fica a situação”, afirmou Neto.
Ainda segundo o presidente da Abras, por parte da União, Bolsonaro disse que orientou o governo e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, de retirar a tarifa de importação sobre o arroz, até o dia 31 de dezembro. A Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu, nesta quarta-feira, zerar o imposto sobre a importação do produto. Antes dessa reunião, Neto afirmou que era preciso “esperar pra ver” para saber em quanto tempo a situação deve regularizar.
“Quando sair essa nota oficial da retirada da tarifa sobre o arroz, e quando esse produto começar a entrar, com certeza pode ser que já comece a ter redução de preços. Mas isso tem que esperar acontecer”. Ele completou que há um lado psicológico que pode ser o que afete: “O fato de consumir mais macarrão pode fazer uma regulagem. O que precisa é ter mais produto, ter mais oferta dos mercados para resolver”.
Alta gigantesca
O pacote de arroz de 5 kg, que normalmente custa R$ 15, chegou a ser vendido por R$ 40, no Paraná. A alta, que segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo, chegou a 100% em 12 meses, está associada a diversos fatores, como a valorização do dólar, a queda de safra, exportação muito alta e aumento de consumo interno.
João Sanzovo Neto ainda explicou que, por muito tempo os produtores amargaram prejuízo e, agora, que eles podem exportar, o que está sendo favorável para a balança comercial brasileira, mas resultou um desiquilíbrio no prato do brasileiro.
Cesta básica
O presidente Jair Bolsonaro descartou, nesta terça-feira (8), a possibilidade de tabelar o produto para conter a alta nos preços. Ele disse que medidas estão sendo tomadas pelos Ministérios da Economia e da Agricultura, mas pediu para que os supermercados diminuam as margens de lucro. Sobre isso, o representante da Abras disse que eles não calculam margem de lucro em cima de produtos das cestas básicas e, em diversos momento, acumulam prejuízos.
“Não repassamos todo custo imediatamente. Existe um tempo e a gente usa o preço médio do estoque. E, muitas vezes pela concorrência, promoção, temos margem negativas. Então, a gente não usa produtos da cesta básica para ganhar dinheiro. Ganhamos no resto, perfumaria, perecíveis”, declarou. Segundo ele, a margem de lucro em relação ao arroz é entre 1,5% e 2%.
“Não somos os vilões”
O presidente da Associação Brasileira de Supermercados ainda foi taxativo ao dizer que a culpa da inflação nos produtos da cesta básica, como arroz e óleo, não é dos supermercados.
“Nós não vamos ser vilões de uma coisa que não somos responsáveis. Muito pelo contrário. Por isso, a gente avisa a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), a imprensa e,o governo das coisas que estão acontecendo quando temos essas situações, que têm sido muito raras, quando ocorrem é porque commoditie é sazonal”, disse Neto.
Fonte: https://www.otempo.com.br/