A prática rola em espaços de pegada descontraída no centro e na Vila Madalena, que recebem um público estilo cabeça aberta
Um fenômeno peculiar tem surgido em algumas casas noturnas paulistanas nos últimos tempos. Frequentadores tiram a roupa, ou pelo menos parte dela, durante as noitadas. Esses espaços têm pegada descontraída e recebem um público estilo cabeça aberta, tipo hippie moderninho.
Estar despido nesses endereços, como a Casa da Luz, o Mundo Pensante e a Nossa Casa Confraria das Ideias, não se trata de um ato de conotação sexual. Por ali, não se encontram, por exemplo, os chamados dark rooms, nos quais é permitido fazer sexo.
Como parte da nova tendência naturalista, os pelados circulam sem grande alarde, comprando drinques, fazendo novas amizades… Tudo muito espontâneo. Mas a prática não ocorre necessariamente em todas as festas, depende do clima da noite.
A reportagem de VEJA SÃO PAULO frequentou algumas dessas folias. Os nudistas não são a maioria. Não se trata de um requisito para entrar em nenhum dos clubes. É apenas uma escolha de alguns frequentadores, não reprimida pela organização.
A Casa da Luz, por exemplo, ganhou vida em um imóvel do século XVIII no centro, ao lado da estação Luz. O espaço por vezes recebe não apenas baladas. Por ser também um centro cultural, traz eventos como práticas de ioga com participantes completamente nus. À noite, com trilha sonora de forró, rap ou funk, ficar pelado não é nenhum tabu.
Na Nossa Casa Confraria das Ideias, na Vila Madalena, o cliente se depara com um aviso na bilheteria. Um cartaz com a frase “sujeito a nudez” foi grudado bem em cima dos caixas. O estabelecimento, famoso por eventos focados em MPB, frequentemente lotado aos finais de semana, é onde a prática ficou mais conhecida na capital.
No Mundo Pensante, na Bela Vista, a nudez ocorre uma vez ou outra, sendo, entre as casas citadas, a menos frequentada pelos que se sentem à vontade nessa situação. O que não exclui a possibilidade de topar com um ou outro pelado por lá.
A dinâmica é parecida em todos os clubes. Não há um cartaz na parede explicando como agir, mas todo mundo parece habituado. O adepto surge, claro, inicialmente vestido. Com o tempo, atrai olhares quando começa a despir um artigo de roupa ou outro. Alguns preferem fazer o processo em etapas. Uma camiseta ali, uma meia. Em um primeiro momento, os que não estão acostumados chegam a pensar que o cenário é por causa do calor.
Então, as últimas peças acabam finalmente livradas. Deixando a pele à mostra, tudo continua ocorrendo como antes. Nenhum segurança se aproxima, a música segue rolando, as bebidas acabam servidas. É só mais uma noite normal. Mas se o frequentador não se sentir confortável em tirar a roupa por inteiro, pode ficar só parcialmente nu. Nesses locais, o topless pelas mulheres é tão polêmico quanto um rapaz andando sem camisa.
Fonte: vejasp.abril.com.br