Foi-se o tempo em que o ovo era considerado o grande vilão da alimentação. Ele já foi acusado de elevar o colesterol e, consequentemente, colaborar para as doenças cardiovasculares. Depois de absolvido, caiu nas graças da população (e dos nutricionistas) e, atualmente, é considerado um aliado da alimentação saudável.
“O ovo é muito completo e de fácil acesso, o que facilita o consumo”, avalia a nutricionista clínica e esportiva Frantieska Tubino.
Mas a redenção do alimento veio mesmo na semana passada, depois da publicação de uma pesquisa na revista científica Heart, alardeada por alguns sites com o título sugestivo de “um ovo por dia para manter o médico longe”.
Feito com mais de 500 mil de chineses entre 30 e 79 anos, o levantamento analisou a frequência com que as pessoas ingeriam o alimento. A conclusão foi que o consumo moderado – um ovo por dia – estava significativamente associado a menor risco de doenças cardiovasculares.
Hábitos alimentares
Embora animador, o estudo merece um olhar cauteloso. Primeiro, porque analisou uma população com hábitos alimentares bastante diferentes dos nossos, destaca a nutricionista Frantieska. Além disso, há questões culturais e genéticas que podem ter influência nos resultados.
O médico Paulo Leães, chefe do serviço de Cardiologia Clínica da Santa Casa de Porto Alegre, faz um alerta importante:
Os estudos de associação, do ponto de vista científico, significam que duas coisas estão presentes no mesmo lugar, mas não quer dizer que uma interfere na outra. Essa pesquisa levantou uma hipótese. Precisaria outro trabalho mais apurado para analisar a causalidade.
Na opinião do médico, o rótulo de vilão ou herói deve ser evitado:
“O ovo tem componentes funcionais e pode ser utilizado dentro de um critério. A mensagem desse estudo é: o alimento não está relacionado ao aumento do colesterol. Não é que proteja, mas diz que, pelo menos, não causa dano”, diz
O que o ovo tem
Composto por água, proteína, lipídios, carboidratos e vitaminas, o ovo tem uma série de componentes que beneficiam a saúde. Colina, lecitina, luteína e albumina são as que mais merecem destaque, conforme Frantieska. Elas atuam na proteção do cérebro e no aumento da massa muscular e da saciedade.
Mesmo que o alimento não tenha título de mocinho e tampouco de vilão, é bom maneirar no consumo. Frantieska afirma que, para pessoas saudáveis, a ingestão de um ovo por dia é suficiente. Se quiser extrapolar esse limite, o indicado é procurar um médico ou nutricionista:
“A partir de um ovo inteiro por dia, não há estudos que garantam a segurança. Quem tem problemas de colesterol muito acima do normal deve consultar um especialista antes de optar pelo alimento”, recomenda a nutricionista.
Fonte: saudecuriosa.com.br