Dar banho frio para baixar febre da criança não é recomendado
Um amor enorme, tempo de sobra e experiência. As avós têm um jeito todo especial de cuidar dos netos. Não é à toa que muitas acabam ficando por conta das crianças quando os pais trabalham fora.
Mas na hora de cuidar dos bebês, elas precisam saber que certas práticas que eram bem comuns antigamente já caíram em desuso. Algumas não são mais recomendadas e podem pôr em risco a saúde da criança.
Um estudo apresentado na Reunião das Sociedades Acadêmicas de Pediatria, nos Estados Unidos, revelou que muitas avós acreditam, por exemplo, que banho gelado é bom para baixar a febre e que os bebês devem dormir de bruços.
Questionário
Nesse estudo, foi aplicado um questionário detalhado a 636 avôs e avós para descobrir se eles colocavam em prática antigas crenças sobre os cuidados de crianças. O resultado foi que 44% dos avós afirmaram que “banhos gelados eram uma boa forma de baixar a febre alta”.
Na realidade, banhos gelados podem aumentar a frequência cardíaca e até levar à hipotermia. O ideal para baixar a febre na criança é banho com água morna.
E 25% dos avós disseram acreditar que os bebês deveriam ser colocados para dormir de bruços. Mas essa posição aumenta o risco de engasgo e morte súbita. A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que a criança seja colocada no berço de barriga para cima.
As avós precisam se atualizar, destaca a pediatra e neonatologista Geisa Barros. “Elas já têm a sabedoria, o afeto, mas precisam estar abertas a novos conhecimentos.”
Na hora de mostrar o que mudou nos cuidados com o bebê, vale ir com jeitinho para não magoar. “Não é para dizer que ela está errada, botar para baixo. Tem que conversar, explicar o que evoluiu na medicina”, orienta Geisa.
A pediatra Lívia Lopes concorda, mas sugere que as mães deixem para o especialista médico fazer esse papel de repassar as novas informações às vovós. “Pedimos que as avós compareçam as consultas do bebê. Geralmente elas têm muitas dúvidas e saem satisfeitas ao saber das mudanças.”
Chazinho doce
Izaura Firme Pianca, 56 anos, teve três filhos e agora usa tudo o que aprendeu para cuidar dos cinco netos. Mas ela reconhece que muita coisa que fazia já não é mais aconselhável. “A gente dava chazinho adoçado para acalmar o bebê. Hoje sei que não se deve fazer isso, que o bebê não pode ingerir açúcar”, cita ela.
Ela está certa. Pediatras condenam o consumo de açúcar por crianças menores de 2 anos de idade. “Quando menos contato ela tiver com o doce, mais saudável vai ser o hábito alimentar dela”, diz Lívia Lopes.
Avó de Pedro Henrique, de 9 anos, Nicolas, de 7, Bernardo, de 6; Benício, de seis meses; e Isis, de dois meses, Izaura diz que está acompanhando as mudanças. “Faço o que minhas filhas orientam. Não passo por cima”, conta. (Com informações do Site G1)
As mudanças
Para baixar a febre
O banho gelado não é indicado. O ideal é usar água de morna para fria.
Na hora de dormir
Antigamente, bebês eram colocados de bruços para dormir. O certo é colocar a criança no berço de barriga para cima para evitar engasgo e sufocamento.
Chás e sucos
Antes, bebês com um mês já tomavam água, chás, sucos. Hoje já se sabe que o bebê que mama no peito não precisa de nada além do leite materno. Oferta de água deve ser após os seis meses, com introdução alimentar. Se alimentação é com leite em pó, água é liberada.
Na hora da papinha
As avós tinham por hábito dar papinha batida no liquidificador. Isso faz com que o alimento perca fibras e nutrientes. O recomendado é dar a comidinha amassada apenas e sem sal.
Esqueça o talco
No tempo das avós, era comum usar talco nos bebês, prática que os pediatras condenam hoje porque o produto libera partículas muito finas que podem causar alergia, entupimento das narinas.
Nada de mel
Também era comum dar mel para bebês. Hoje não é aconselhável porque o sistema imunológico do bebê é muito frágil. Mel pode causar botulismo e só é liberado só depois de 1 ano de idade.
Doces
Antes, bebês já tinham acesso ao açúcar. O leite na mamadeira era adoçado. Hoje, isso não é mais aceito. Açúcar, só depois de 2 anos.
Tire o andador
Muitas crianças usaram antigamente como treinamento para aprender a andar. Hoje já se sabe que o andador é um perigo, uma das maiores causas de acidentes com bebês. É um equipamento proibido pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
No carro, só com cadeirinha
Antigamente, bebês ficavam no colo do passageiro. Agora, só podem ser transportados em cadeirinhas dentro do carro, o que, segundo estudos internacionais, reduz em até 71% o risco de morte infantil em caso de acidente de trânsito.
Chá de erva-picão para icterícia
A prática muito comum antigamente não tem fundamento científico. Casos mais brandos são resolvidos com amamentação e banho de sol. Às vezes, é preciso fazer banho de luz.
Fonte: gazetaonline.com.br – pediatras Geisa Barros e Lívia Lopes