A harpia (ou gavião real) está ameaçadas de extinção, e na Mata Atlântica o registro dessa espécie é extremamente raro pois existem poucos indivíduos
As harpias escolhem as árvores mais altas das florestas para fazer seus ninhos, tornando muito difícil a identificação dos mesmos. Quando são encontrados, os ninhos passam a ser monitorados por câmeras trap. Essas imagens permitirão que os pesquisadores acompanhem de perto todo o processo de reprodução, bem como filhote, até que ele adquirira independência.
A harpia é considerada a maior águia das Américas e é uma espécie dependente de floresta, sendo muito sensível às alterações causadas pelo homem, principalmente o desmatamento e a caça. Em 2018, foram identificados dois ninhos com filhotes na Estação Veracel, que passaram a ser monitorados. Com isso, foi possível acompanhar o casal de harpias reformando o ninho, o que sugeriu um novo ciclo de reprodução. Vale ressaltar que as harpias são monogâmicas e o casal quase sempre usa o mesmo ninho para reprodução. Geralmente, as harpias colocam de um a dois ovos, mas apenas um sobrevive. Os pais tomam conta dele por cerca de 2 a 3 anos, mesmo que ele já esteja voando e experimentando caçar sozinho. Por isso, a reprodução da harpia é lenta, o que faz com que a ave corra ainda mais risco de desaparecer. Sobre a parceria entre o Projeto Harpia e a Estação Veracel A RPPN Estação Veracel, maior reserva privada do Nordeste e a segunda maior no bioma Mata Atlântica, representa um dos principais remanescentes de floresta atlântica no Extremo Sul da Bahia e no Corredor Central da Mata Atlântica. A Reserva está entre as 20 áreas do mundo com maior número de indivíduos e elevado número de espécies arbóreas. Foi identificada como uma área-chave para a biodiversidade (Key Biodiversity Area – KBA) pelo seu importante papel na proteção de espécies da fauna globalmente ameaçadas de extinção. Com pesquisadores e equipamentos especializados no estudo e manejo deste tipo de ave, o Projeto vem desenvolvendo pesquisas, reabilitação, reintegração e conservação da população de harpias (Harpia harpyja) de vida livre que habitam as matas dos fragmentos florestais da RPPN Estação Veracel, da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) e do Parque Nacional do Pau-Brasil (PARNA do Pau-Brasil), no Extremo Sul da Bahia. O monitoramento das aves em vida livre é feito por meio de câmeras, rastreamento de indivíduos com transmissores via satélite e rádio VHF, busca ativa, entre outras formas. Esses métodos permitem acompanhar toda a movimentação das aves, bem como o seu comportamento. O projeto começou a ser desenvolvido em 1997, com o resgate de um exemplar adulto da espécie, por fiscais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Na época, a ave foi entregue à Estação Veracel, que construiu um ambiente especialmente para ela. Um processo de reabilitação foi estabelecido e estudado, e em 2009, a ave foi solta para que voltasse à vida livre e acompanhada. Além desta, outra ave também também já foi reabilitada. Batizada carinhosamente de Katumbayá (que na língua indígena quer dizer: mãe da mata), por alunos das escolas da região, esta segunda ave, considerada jovem, foi encontrada por fazendeiros da região e socorrida pelos especialistas e também encaminhada a Estação Veracel, onde passou um breve período de tratamento que culminou em sua soltura. Em 2018, o Projeto Harpia mapeou dois ninhos com filhotes de harpias na Estação Veracel e desde em então tem sido monitorados nesta parceria. A Estação Veracel é considerada uma área importante para conservação de aves (Important Bird Area – IBA), pois abriga populações significativas de espécies globalmente ameaçadas. A importância da RPPN Estação Veracel foi reconhecida internacionalmente com o título de Sítio do Patrimônio Mundial Natural (SPMN), concedido pela UNESCO em 1999.
Sobre o Projeto Harpia Com o nome de “Programa de Conservação do Gavião-real”, o projeto foi fundado em 1997 pela Dra. Tânia Sanaiotti, vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), após a descoberta de um ninho de gavião-real (Harpia harpyja) numa floresta próxima a região de Manaus. No ano de 1999, foram estabelecidas algumas metas para ampliar a identificação, mapeamento e monitoramento de ninhos. O objetivo era estudar a biologia dessa espécie na Amazônia Brasileira, com a participação de voluntários dispostos a enfrentar o desafio de conservar esta ave de rapina. Hoje, esta inciativa é chamada de Projeto Harpia e atua em todo o território brasileiro. O projeto conta com o apoio de pesquisadores parceiros, voluntários, estudantes e bolsistas para a realização da coleta de dados, projetos de educação ambiental e divulgação de informações no entorno de ninhos. Diversos ninhos de harpia e de outras grandes águias florestais, como o uiraçu e o gavião-de-penacho, são monitorados no Brasil. Na Mata Atlântica do sul da Bahia e norte do Espírito Santo, um núcleo do Projeto Harpia foi estabelecido e é coordenado pelo professor Aureo Banhos, vinculado à Universidade Federal do Espírito Santo. |
Fonte: Ascom Veracel