Após impedir a exibição de ‘Amor, Estranho Amor’, apresentadora agora incentiva que público assista ao longa transmitido pelo Canal Brasil
Em novembro do ano passado, Xuxa quebrou o silêncio sobre um grande tabu de sua carreira: o filme Amor, Estranho Amor. No longa de 1982, a apresentadora, então uma modelo iniciante com 18 anos, interpreta uma prostituta de 15 anos, que dorme com um menino mais novo que ela. Após diversas tentativas de censurar a produção ao longo dos anos, Xuxa mudou de postura recentemente. “Quem não viu o filme, por favor, veja”, disse em entrevista. Segundo a apresentadora, hoje ela entende que sua personagem representa a exploração infantil. “É muito atual, é a realidade de muita gente. Antes de me criticarem, as pessoas deveriam saber que isso existe”, declarou. Agora, a produção dirigida por Walter Hugo Khouri foi exibida pela primeira vez na televisão, na madrugada de quinta, 11, à 0h30, pelo Canal Brasil.
A controversa relação de Xuxa com o filme é longa. Após se estabelecer como “rainha dos baixinhos” não parecia adequado, na época, que circulasse por aí uma produção em que ela aparece nua e tem relações com um garoto — na trama, o jovem interpretado por Marcelo Ribeiro é filho de uma prostituta de luxo (vivida por Vera Fischer), que circula entre políticos brasileiros. No início dos anos 90, a apresentadora entrou com um pedido na Justiça pela censura do filme, que teve sua comercialização suspensa, enquanto a própria Xuxa desembolsou, por quase três décadas, 60 000 dólares anuais pelos direitos do longa – mantendo-o, assim, distante dos exibidores. O veto só aumentou a curiosidade em torno da produção. Tanto que, em 2014, ela voltou à Justiça para proibir que imagens do filme fossem exibidas nas buscas do Google atreladas às palavras “Xuxa pedófila”. A decisão chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), que negou o pedido.
Em recente entrevista a VEJA, a apresentadora de 57 anos explicou a razão dessa atitude. “As pessoas resumem essa história em uma frase: ‘Xuxa é pedófila’. Mas me arrependo, sim, de ter dificultado a exibição, atendendo às recomendações dos meus assessores. Ninguém presta atenção ao fato de que minha personagem, que tinha 15 anos na tela, dois a menos do que eu na época, havia sido comprada pelo dono do prostíbulo e também era vítima. Inclusive, incentivei a Sasha a assistir.”
Agora, Sasha e os brasileiros vão poder ver o alardeado longa não mais tão proibido assim.
Fonte: https://veja.abril.com.br/