Em documentário, a cantora revelou os detalhes do dia em que foi estuprada e como se sentia culpada pela situação
Nessa quarta-feira, dia 16, estreou na Netflix o documentário Anitta: Made in Honório. O registro, gravado entre 2019 e 2020, mostra bastidores da vida de Anitta. Logo no primeiro episódio, a cantora criou coragem para contar, pela primeira vez, sobre o estupro que sofreu aos 14 anos.
Antes de seu depoimento, a mãe dela, Miriam Macedo, comentou que não faz muito tempo que ela via Anitta triste. “Eu vi ela triste de vez em quando, eu vi ela chateada. Mas, pra mim, era aquilo, era as coisas que ela não conseguia.”
Em seguida, o irmão dela, Renan Machado, deu detalhes. “Faz pouco tempo, ela chamou eu, meu pai e minha mãe pra conversar. Ela pediu que a gente nem olhasse pra ela, que a gente só escutasse o que ela tinha pra falar. Porque ela estava começando a se boicotar, a não comer, a não estar feliz e criar defesas dentro dela pra suportar esse segredo, né. Então, ela resolveu botar isso pra fora, nos contar.”
É aí que ela, segurando as lágrimas, começou a contar. “Eu nunca expus isso em público. Eu sempre me coloquei numas relações meio abusivas e… quando eu tinha 14 para 15 anos [de idade] eu conheci uma pessoa. Eu tinha medo dele. Ele era autoritário comigo, falava de forma autoritária. Não sei, eu era diferente quando eu era adolescente, não era do jeito que eu sou hoje em dia. Ele estava muito nervoso, muito estressado. E eu estava com bastante medo das reações dele quando ele estava estressado. E eu acabei perguntando se ele queria ir pra um lugar só nós dois. Rapidamente, na mesma hora, ele parou o estresse dele e perguntou se eu tinha certeza. Eu falei que sim. Mas hoje eu tenho plena certeza que eu falei que sim porque eu estava morrendo de medo do estresse dele, sabe?”
Anitta, que recentemente completou dez anos de carreira, continuou: “Quando eu cheguei lá, eu realizei que não era certo que fazer aquilo por medo, nem nada e eu falei que eu não queria mais. Mas ele não ouviu. Ele não falou nada. Ele só seguiu fazendo o que ele queria fazer. Quando ele acabou, ele saiu, foi abrir uma cerveja e eu… fiquei olhando, assim, pra cama cheia de sangue. Faz pouco tempo que eu parei de achar que isso é culpa minha. Faz pouco tempo que eu parei de achar que eu causei isso pra mim. E eu sempre tive medo do que as pessoas iam falar: como ela pode ter sofrido isso e hoje ser tão sensual, ser tão aberta a fazer tanta coisa? Eu não sei. O que eu sei é que eu peguei isso que eu vivi e transformei numa coisa pra me fazer sair por cima, me fazer sair melhor.”
Por fim, concluiu: “Pra todos vocês que se perguntam da onde que nasceu a Anitta, nasceu daí. Nasceu da minha vontade e necessidade de ser uma mulher corajosa que nunca ninguém pudesse machucar e que nunca ninguém pudesse fazer chorar, que nunca ninguém pudesse magoar, que sempre tivesse uma saída pra tudo. Foi daí. Eu criei essa personagem aí.”
Triste, né?
Fonte: folhavitoria.com.br/