O vereador Ramos Filho (PTC), subiu a tribuna da Câmara Municipal de Eunápolis nesta quinta-feira (14/02) para desabafar sobre a precariedade da saúde pública no município, logo após outro registro de descaso com a vida humana. Desta vez, uma mulher que deu à luz, na madrugada do domingo (09/02), na recepção do Hospital Regional, deitada sobre cadeiras de plástico e com ajuda de outras mulheres.
Indignado, o vereador lembrou que este não é um caso isolado ou esporádico.
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“São coisas absurdas que se repetem desde o início desse mandato. Pessoas estão perdendo suas vidas, só que muitos de vocês não tomam conhecimento, porque as situações são resolvidas internamente e nós que estamos fora não temos o conhecimento sobre qual foi o diagnóstico de cada paciente ou o procedimento adotado”. Denunciou.
Como atua na área da saúde, Ramos confidenciou que tem acesso a informações privilegiadas. Em plenário ele fez um registro grave: “Temos informações de que há 30 dias uma criança perdeu a vida no regional por falta de equipamento, por falta de gestão, por falta de administração”. Desabafou.
ESCOLAS SEM MERENDA
Sensível aos problemas gerais da cidade, o parlamentar ainda se referiu à falta de merenda na maior parte das escolas municipais, o que tem gerado a redução da carga horária e as crianças são obrigadas a voltar para casa mais cedo, sem o lanche da manhã ou da tarde.
No plenário, pais e mães que foram denunciar as mazelas na educação, aplaudiram veementemente o pronunciamento do vereador, em tom indignado.
“Teve férias de 90 dias para fazer a reformas nas escolas, para fazer a licitação da merenda escolar, mas a gestão não acontece. Crianças que já tem dificuldades estruturais de aprender, já enfrentam prédios públicos deteriorados, calor insuportável no verão, goteiras nos telhados no inverno, ainda estão sem merenda e ao cabo de tudo isso ainda se diz que a culpa é do servidor público. ” Resumiu.
Ramos Filho apontou o fato de que “agora é moda colocar no servidor público a culpa de toda a mazela da gestão. ”
BODE EXPIATÓRIO
Para arrematar o pronunciamento, Ramos Filho voltou a falar do caso de negligência no Hospital Regional e cobrou a mão de obra de profissionais qualificados na área da saúde pública que está cada vez mais escasso. “Prova disso é a falta de médico obstetra no plantão de domingo, quando ocorreu este fato”. O parlamentar enumerou os profissionais que foram demitidos da unidade:
“Foram dois obstetras, dois ortopedistas, um anestesista dispensado e no domingo, quando aquela mãe deu à luz na recepção, há notícias de que não havia obstetra de plantão”. Em hospital de referência, o plantão de obstetrícia é uma obrigação. “Como é que um hospital público, que tem parto natural, não tem obstetra de plantão? ” Criticou.
O vereador lamentou que a Câmara de Vereadores não tivesse acesso ao inquérito que foi aberto pela antiga direção do hospital para acompanhar as investigações, e previu que “vão responsabilizar apenas a enfermeira e mais dois médicos que estavam de plantão naquela noite” e voltou a dizer que não são obstetras.
Fonte: Ascom/Ramos Filho