Pelo menos 43% dos entrevistados não tiveram as expectativas atendidas; 21% acabaram pagando mais caro do que se tivessem tratado direto com o credor
“Retiramos seu nome do SPC e Serasa sem ter que pagar”. Essa é uma das frases utilizadas por empresas para atrair devedores com o intuito de tirar seus CPFs da lista de negativados. O cenário para empresas que criam essas falsas promessas é propício: são mais de 62,7 milhões de inadimplentes atualmente no País. Mas, o que parece uma luz no fim do túnel, pode acabar sendo uma emboscada.
De acordo com um levantamento feito pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), dois em cada dez (22%) ex-negativados contrataram empresas especializadas em limpar nome. Desses, 43% não tiveram as expectativas atendidas. Para 22% dos entrevistados, o problema não foi resolvido como esperado e 21% acabaram pagando mais caro do que se tivessem tentado negociar diretamente com o credor.
Ainda de acordo com o levantamento, feito com quem esteve com o nome sujo nos últimos 12 meses e já saiu dos cadastros de devedores, antes de ir atrás desse tipo de serviço, 59% tentaram negociar com o credor e 22% nem ao menos tentaram propor uma nova negociação. O principal motivo apontado pelos entrevistados para procurar empresas que prometem limpar o nome foi a falta de tempo em solucionar o problema (38%).
Para 32%, a empresa foi contratada com o objetivo de ajudar nas negociações, enquanto 27% reconheceram ter recorrido a essa alternativa por não saberem o que fazer. O levantamento também mostra que mais da metade (60%) pagou antecipadamente para a empresa contratada e 29% somente após a comprovação de que a empresa teria limpado o nome.
Educador financeiro da SPC Brasil, José Vignoli alerta que é preciso redobrar os cuidados ao contratar serviços semelhantes a este. “Se o consumidor tem dinheiro disponível para contratar esse tipo de empresa, recomenda-se que, em vez disso, negocie diretamente com o credor e ofereça uma entrada à vista para tentar um desconto no valor da dívida ou redução do número de parcelas. Frequentemente, um intermediário faz pouca diferença e ainda cria uma nova despesa para quem já está endividado”, afirma.
A pesquisa mostra, por exemplo, que entre os entrevistados (78%) que não contrataram empresas para limpar o nome, 49% conseguiram resolver a situação sozinhos, ao falar direto com o credor. Somente 13% tiveram medo de sofrer golpes. Já 20% disseram não ter dinheiro para pagar uma empresa para ajudá-los, percentual que sobe para 33% entre os mais jovens.
“Não existe mágica, a única forma de limpar o nome é buscar acordo com o credor”, alerta educador financeiro
Outro dado da pesquisa aponta que seis em cada dez (62%) ex-inadimplentes garantem que a empresa prometeu limpar o nome sem que a dívida fosse paga. Por outro lado, 27% disseram que não houve essa promessa.
“Deve-se desconfiar de qualquer empresa que promete reverter a negativação sem que a dívida seja paga. Não existe mágica, a única forma de limpar o nome é buscar acordo com o credor e quitar os débitos em atraso. Esse tipo de serviço acaba funcionando como intermediário, poupando o trabalho de negociar pessoalmente. Mas é perfeitamente possível negociar por conta própria, evitando assim gastos e problemas, como por exemplo, não sair da negativação”, esclarece Vignole.
Questionados sobre como tiveram conhecimento dos serviços, 26% dos contratantes disseram que foram atraídos por anúncios em redes sociais. Outros 26% reconheceram que a indicação de amigos e parentes teve influência na decisão de contratar uma empresa, 25% ao passarem pela porta da empresa e 20% após usarem os mecanismos de busca na internet.
Metodologia
De acordo com a SPC Brasil, inicialmente foram entrevistados 537 consumidores que estiveram com o nome sujo e quitaram suas dívidas nos 12 meses anteriores à pesquisa, nas 27 capitais, acima de 18 anos, de ambos os gêneros e de todas as classes sociais.
A sondagem seguiu somente com consumidores que contrataram uma empresa para limpar o nome – o que corresponde a 22,4% da amostra inicial. A margem de erro é de 4,2 pontos percentuais para uma confiança de 95%.
Fonte: trbn.com.br/