Nesta quarta-feira, o Ministério Público do Rio de Janeiro se reuniu com familiares de oito vítimas do incêndio no Ninho do Urubu, que aconteceu no último dia 8 e deixou 10 mortos, além de três hospitalizados. No encontro, o órgão explanou como foram as negociações com o Flamengo em relação às indenizações e indicou caminhos para que os parentes que queiram recorrer judicialmente individualmente ou em grupo.
CONFIRA A COBERTURA COMPLETA DA TRAGÉDIA NO FLAMENGO
De acordo com Danielle Cramer, procuradora do Ministério Público do Trabalho e integrante da Câmara de Conciliação, a proposta do clube girou em torno de R$ 300 a R$ 400 mil por família e um salário mínimo até que as vítimas completassem 45 anos. Por outro lado, o Ministério Público, o Ministério Público do Trabalho e a Defensoria Pública demonstração a intenção de que as indenizações fossem de R$ 2 milhões e salários de R$ 10 mil até os 45 anos.
A divergência em relação a valores fez com que as partes não chegassem a um acordo.
– Fizemos reunião com familiares e prestamos esclarecimentos dos trâmites e A reunião foi com as famílias dos atletas vitimados pelo incêndio. Foram prestados esclarecimentos nos trâmites desta Câmara (de conciliamento) que resultaram no insucesso da negociação diante da recusa do Flamengo em aceitar os termos ou melhores condições propostas. Não houve acordo e, agora, vamos partir para os caminhos judiciais para a satisfação das vitimas. Tratamos de diversas questões (na reunião). Em relação as adolescentes que faleceram, procuramos, junto ao clube, uma indenização por danos morais, pela dor sofrida e em razão da perda, e também um pensionamento para as famílias. O clube concordou, mas não houve acordo em relação a valores. A pensão proposta pela Câmara seria de R$ 10 mil mensal, até 45 anos, e a intenção do clube seria pagar até no máximo por 10 anos, um salário mínimo por mês. Quando à indenização, a proposta do clube variava em relação a cada família, entre R$ 300 mil e R$ 400 mil. A proposta colocada pela Câmara foi de R$ 2 milhões por cada família – disse ela, revelando que a discordância em relação aos valores foi apenas para as vítimas fatais:
– Tratamos de forma diferente as vítimas fatais, aquelas hospitalizadas sem sequelas, hospitalizadas e que por ventura tenham sequelas e aquelas que sofreram o trauma. Outros valores eram menores conforme o dano e não houve discordância em relação a outros grupos, o que não houve acordo foi em relação às vítimas fatais. O acordo não foi feito, mas tínhamos avançado em relação a estes grupos.
Danielle Cramer explicou o fato de os órgãos públicos terem pensado em colocar o pensionamento até que os jovens completassem 45 anos:
– (Até que chegasse) Aos 45, que seria a idade mais longeva de um jogador de futebol. A média dos garotos era de 15 anos, então, seria mais 30 anos de pensionamento.
Durante a reunião, os contratados que os jovens tinham com o Flamengo foram apresentados e mostraram que recebiam cerca de R$ 400 pela ajuda de custo, algo que Cramer apontou que seguia a Lei Pelé.
A procuradora do Ministério Público do Trabalho e integrante da Câmara de Conciliação afirmou ainda que os parâmetros colocados seriam mínimos que poderiam ser negociados individualmente pelas famílias, de acordo com questões particulares.
– O Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público do Estado, cada um em seu âmbito de atuação, vão propor ações cabíveis para assegurar os direitos dessa vítimas às devidas reparações – salientou.
Na noite da última terça-feira, o Ministério Público emitiu uma nota avisando que as partes não haviam chegado a um denominador comum sobre o assunto. Em reposta ao MP, o Flamengo garantiu que ofereceu diz ter oferecido valores ‘acima do padrão adotados pela Justiça brasileira’.
Fonte: msn.com/pt-br