Vereador Ubaldo Suzart – Foto: Arquivo
Devido ao feriado de 15 de Novembro, data da Proclamação da República, a sessão da Câmara de Eunápolis será antecipada para esta terça-feira (13).
Na pauta, além da discussão do orçamento do Executivo para 2019, no valor de R$ 310 milhões e mais a verba suplementar de 80% que o prefeito Robério Oliveira está pretendendo, o outro assunto, que pode entrar na calada, sem que o povo saiba antecipadamente, é a mudança do nome do Estádio José de Araújo Santana, o Araujão, para Estádio Ubaldo Suzart Filho, que vem a ser o filho do vereador Ubaldo Suzart, aliado do prefeito da cidade.
Esta homenagem, proposta pelo vereador Gildair da Silva Almeida, conhecido como Gildair da Telha Sul, que é genro de Ubaldo Suzart, macula uma história. Macula a própria história do homenageado.
Primeiro porque ninguém nunca vai deixar de chamar o Estádio de Araujão, seu nome de origem e de direito. Segundo, porque a pecha de se apropriar de algo que pertence à memória coletiva dos eunapolitanos, vai permanecer na narrativa do povo da cidade. O filho do vereador vai ser lembrando, não como o herói, como os pais desejam e justamente o consideram, mas como um usurpador.
Se este projeto passar a história não perdoará.
Então, só resta dizer o seguinte. Vereador Gildair, construa, com seu dinheiro, um estádio na cidade e ponha o nome do seu cunhado. Se a questão é homenagem faça do seu próprio bolso.
CONHEÇA O FATO
Ubaldo Suzart Filho, mais conhecido como Ubaldinho, foi assassinado a tiros no dia 30 de outubro de 2016, tragédia que todos lamentam, mas nem por isso se pode concordar que a história da cidade deva ser modificada para homenagear um jogador de futebol, jovem demais para ter deixado algum levado relevante ao município e ao seu povo, que mereça tal homenagem.
Vereador Gildair, autor do projeto – Foto: Arquivo
Mães dos jovens mortos pela violência, também deveriam reivindicar um Estádio pra chamar de seu. Isso porque, os números da violência urbana em Eunápolis assustam e são comparados aos dos países em guerra.
A cidade, no Extremo Sul da Bahia, carrega a má reputação de ser a quarta cidade brasileira, entre aquelas com 100 mil habitantes, em número de assassinatos de jovens por causas violentas, notadamente homicídio, feminicídio e crimes no trânsito.
A dor de quem perde filhos, pais, mães, maridos, esposas, entes queridos de forma violenta é grande. No entanto, nada disso dá aos que ficam vivos o direito de monopolizar uma dor que é da coletividade, como se somente eles pudessem ser capazes de derramar lágrimas e sofrer.
Fonte: blogdarosemarie.com